Já é tarde a mancha de café frio continua sobre a mesa
O leite morno recém tomado ainda perdura sob o berço
O choro ainda é recente e a batida da porta ainda soa latente
Já passou a fase das lagrimas, a resignação foi mais forte
A dor e a angústia ainda estão aprisionadas dentro do peito
Nada mais o que fazer; a pergunta muda e sem resposta
Já não interessa mais: Por quê? Porque Deus? Por quê?
A resposta velada já não faria o menor efeito...
O silencio é seu maior amparo
Como aquele a quem perdera
Só queria ser mimada, adorada...
Mas já não encontra mais braços para reerguê-la
O copo também não a compreende mais
O doce fascínio de desistir ainda a agrada
Mas a força pra isso também já se perdeu
Encostada na parede fria, não tão gelada quanto o que ainda
Sem nenhuma explicação; reside dentro dela;
Ela permanece com a mesma expressão de duas semanas atrás
Pra ela já não importa mais o Coelho Branco
Para ela, já não importa mais os risos externos
Para ela a única coisa que ainda não a abandonou
É essa lagrima gélida, que corre dia e noite
Como uma carícia; mansa... Lenta...
De uma vida que jamais voltara a ter...
Ela perdera a luta... E ninguém lhe avisara onde encontrar a toalha...