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O homem se olhou uma última vez no espelho do elevador. Não estava elegante e pouco se importava. Vestia uma calça social preta, camisa crem...

O homem se olhou uma última vez no espelho do elevador. Não estava elegante e pouco se importava. Vestia uma calça social preta, camisa creme e sapatos pretos. Olhou seu rosto e não viu nada. Nenhuma expressão. Nem tristeza, nem ansiedade, medo...absolutamente nada. Saiu quando o mesmo chegou no último andar, procurou os poucos degraus que levavam até o heliporto, e subiu. Nem rápido nem devagar. Quando terminou abriu a porta e foi caminhando até o parapeito.
Colocou sua mão no coração e o mesmo estava perfeitamente normal, pensava que à essa altura estaria no mínimo muito acelerado, mas os batimentos eram regulares, até metódicos. Sentia aquela força, aquela sensação empolgante que o estava enlouquecendo há semanas. Então aquela era a hora! A sensação o encorajava, suave, impaciente, sensual, e ele obedecia. Queria obedecer, poderia até arriscar dizer que se sentia quase feliz.

Foi até a sacada e sentiu o vento. Era forte, diferente de minutos atrás quando estava na rua.
32 andares. Colocou um pé sobre o parapeito, e aquela outra sensação o esmagou. Não era a que estava acostumado, a que gostava. Era a chata. A que mandava ele descer. A que dizia que não valia a pena, só que ela não sabia que sua vida não valia mais a pena. Seria muito mais compensador seguir a vontade da outra sensação, aquela recheada de propostas...
Subiu ignorando os protestos da sensação chata, se virou de costas para o asfalto, fechou os olhos, abriu um lento e fraco sorriso, e se deixou levar, indo de encontro à todas as promessas não ditas de sua sensação.

O vento, a velocidade, era muito mais do que imaginou que seria. Se deu conta em poucos segundo de que nada poderia se comparar àquilo. Nunca tinha se sentido tão vivo em toda a sua vida, e soube que tinha tomado a decisão certa.
É claro que se arrependeria no instante seguinte, quando seu corpo encontraria o duro asfalto e sua alma desceria cada vez mais, pra aquele lugar que todo mundo já ouviu falar, nem todos acreditam, e os que acreditam morrem de medo.

Minutos antes, enquanto Roberto ainda respirava, Michael o persuadia. Tentava de qualquer maneira o fazer entender que aquilo não era uma solução, que ele poderia obter ajuda, e constatou o que já sabia. Não podia de jeito nenhum subestimar Melissa. Ela dizia não o que precisavam ouvir, mas o que queriam ouvir. Ela era muito boa no que fazia, a melhor que Michael já tinha visto, e no momento, se houvesse uma disputa oficial, ele já tinha perdido 7 pra ela na última década.

No momento em que Roberto chegou ao chão Michael já estava lá agachado o esperando inutilmente. Abriu suas asas gigantes sobre o corpo inerte e deformado e chorou, como sempre fazia quando algo do tipo acontecia.

De cima do prédio Melissa terminava seu cigarro. Soltou a fumaça por entre os lábios grandes e macios pintados num vermelho da mesma cor de seu elegante vestido e abriu um sorriso estonteante. Em seguida se dirigiu com muita classe até o parapeito, abriu suas asas negras e mergulhou no ar, sorridente.
Dessa vez seu chefe ficaria orgulhoso.












*Texto de Autoria de Jess Maia, que integra sua futura obra "O Depois" em processo de criação. A Autora deu permissão para esta postagem aqui no Realidade Utópica. Direitos Autorais reservados todos a ela.  >> Facebook de Jess Maia

Era de manhã quando me dei conta de que permanecia ali na mesma cama fria. Fazia 8°C aproximadamente lá fora e um estranho com os cabelos...


Era de manhã quando me dei conta de que permanecia ali na mesma cama fria.

Fazia 8°C aproximadamente lá fora e um estranho com os cabelos desgrenhados estava roncando ao meu lado esquerdo, de bruços, parcialmente nu.
Eu sabia quem era, ou melhor, não sabia. Sabia seu nome e no máximo o tamanho de seu pênis - não muito grande - e que durante o sexo adorava dizer – ‘mais... Isso! Mais... Isso!!’.
Nada mais que isso.
Mais uma conquista de quinta-feira à noite.
Recordo-me com exatidão dos copos, das luzes dos bares e do maço de cigarros tragado em menos de 2 horas.
Olhei atentamente para o garoto em questão. Loiro, magro, um pouco mais baixo que eu, pele clara, com poucas marcas de espinha do passado mal tratadas. Não era nem um modelo excepcional e também nenhum trasgo. Era bonito.

Levantei-me e me dei conta que estava apenas de shorts listrado, preto e branco. Mais nada.
Procurei a esmo uma camisa em meio à parcial escuridão do quarto gélido. Encontrei jogada ao pé da cama de solteiro em que estava uma pólo branca, amarrotada que se perdia em meio a uma embalagem vazia de camisinha aromática e pares de tênis e suas meias sujas no chão bagunçado.
Vesti-a e sai cautelosamente do quarto rumo ao banheiro.

Enquanto mijava, encarava o teto do banheiro com paredes descascadas pensando na vida.
Estava prestes a completar 25 anos de idade. Muitos me amando, muitos me odiando. E eu dividido entre a cruz e a espada.
Sem querer pensar, fodendo um cara diferente a cada semana, fumando descontroladamente e delirando, apenas para sentir o limite da porra da vida em que eu me metera.
O passado me trouxe conseqüências tais, que já não sabia mais qual seria meu futuro.
Não que eu esperasse ou almejasse um. Não, isso não. Apenas trabalhava e estudava para suprir minhas necessidades primarias – sexo, boa comida, boas roupas, musicas e filmes -; o resto não me importava.
Era o imediato, o aqui e agora que me acrescentava e não projeções que nem eu e nem ninguém eram capazes de adivinhar ou mesmo evitar ou prever.
O que me incomodava era aquele vazio. Aquela sensação de fome eterna, de desconforto. Mil pensamentos num segundo, sonhos e pesadelos se misturando. Engorda, emagrece, perde o sono e a sensação de ter que decidir, de ser culpado, mas não querer se sentir um.
Estava, aos poucos, ficando completamente louco.
“Porra! Tenho apenas 25 anos. 25!” – pensava com amargura cerrando os olhos.

De volta ao quarto o guri já estava sentado me esperando. Completamente nu, em posição de cachorro, me olhando enviesado, se oferecendo para mais uma foda sem limites e matinal.
Olhei e sorri.
Aproximei-me da cama, retirando meu pênis ereto de dentro do short...

Eram 5 da tarde quando ele resolveu que tinha que ir embora. Antes me deu seu telefone e pediu que eu ligasse para ele naquele final de semana.
Prometi ligar, me despedi beijando-o na boca e voltei para a sala, deixando meu celular em cima da mesa da sala de estar - o visor mostrava a mensagem: “numero deletado”.

Parado em frente à TV desligada, de súbito me veio uma vontade louca de ler. Qualquer coisa. Com urgência.
Rumei de volta ao quarto em pleno caos e liguei o computador.
Assim que este deu sinal de vida, acessei alguns blogs que a tempos deixara salvo nos favoritos mas nunca arranjei tempo para conferir.
Alguns falavam de violência contra a mulher, outros sobre política gay e ainda outros tantos de musica, filmes e um interessante sobre novas mídias digitais.
Mas eram quatro blogs distintos que me chamaram a atenção.
Um falava de morte; o outro de amor, o outro de paixões e um outro de vida.
Pode parecer que nenhum deles continha grande conteúdo (temas batidos, clichês). Mas sim, havia.
Pois cada um continha uma única postagem.

- o da morte dizia:

O medo da morte é algo inexistente. Pois o que se teme não é a morte certa enfim. E sim o desconhecimento. O desconhecido causa medo, receio e insegurança.
A morte é apenas a aventura... A grande aventura seguinte.
Ha coisas piores que a morte.


- o da vida dizia o seguinte:
A vida é redonda. Tudo que vai volta. Não igual.
Muitas vezes aquilo que se perde muda, se transforma. Mas o que é certo é que sempre volta. Uma frase, um ato, um amor... Sempre voltam. Tudo é cíclico. A terra gira, a vida gira.


- o do amor falava:
Amor é tudo aquilo que existe.Amor é mais que sexo, é mais que pai e mãe.
Amor é dor, amor é briga, amor é discussão, 
amor é tristeza, amor é redenção, amor é duvida, amor é ciúmes e medo.
Amor é aquele que sempre nos faz rir. 
Amor é aquele que sempre nos faz pensar. 
Amor é aquele que ao pensar em sua partida, perdemos a nos mesmos também, sem imaginar como seria depois dessa ida. 
Amor é aquele que procuramos nas horas de desespero.Amor é amor. 
Sem definição, sem explicação. 
Amor é aquilo que tememos perder, que não sabemos lidar, que queremos sempre ter e que nunca procuramos obter. Amor não se conquista, amor se tem e só. 
Sem razão e com toda a razão.

- e o da paixão dizia assim:
Paixão é conquista. É orgulho ferido. 
É satisfação momentânea, é dizer sou capaz sem falar.
Paixão é luxuria sexo e porto seguro.
Paixão é o que acrescenta para outra paixão surgir.
Paixão é aquilo que achamos que não podemos ter, ou que já temos, mas não é fácil. É aquilo que queremos e por isso corremos atrás.
Paixão é sensação de calmaria, desafio confundido com amor, vida e alegria. 
Paixão é o destino, paixão é a escolha, paixão é o que tem inicio e fim. 
Paixão vive no meio. 
Paixão é sempre sim. 
Paixão é imediatismo, é vírus mutável, é desejar sinônimo de querer fazer. 
Paixão não é errada, mas não pode pra sempre conviver e ser conservada.

Extasiado pelos quatro blogs, pelos quatro textos, fiquei parado, sem saber nem mesmo como se respirava.
Faltou o ar, a boca secou. Levantei, abri as janelas e arfei com dificuldade e gosto o ar gelado que assolava do peitoril minha face preocupada. Era a paixão.

Olhei de lá mesmo a vista do céu nublado, porem, algumas poucas tímidas estrelas azuis sorriam dengosas a meu olhar. Sorri de volta e me servi de um gole d’água que esquecera ali na cômoda mais cedo.
Respiração normalizada. Voltei para frente do computador.

Encarando as quatro janelas ainda abertas dos quatro blogs, me pus a chorar diante dos fatos, das lembranças, das letras, das musicas e dos lugares e épocas, conversas e gestos que me lembravam de tudo o que ainda vivia.

‘Realmente a vida era redonda. Porque precisava voltar? Porque não podia ser tudo como as mares, as cachoeiras. Um fluxo continuo sem volta... Seguindo sempre em frente?
Mas na realidade nem mesmo as mares eram assim. Pois elas continham ondas que buscavam na praia suas lembranças de volta ao lar em movimentos contínuos, sempre. ’
Era a vida sendo-me apresentada finalmente.

Uma musica alta começa a ecoar em volta e me assusto.
Saio de meus devaneios filosóficos e tento escutar com mais atenção.
Logo percebo a origem do som.

Meu celular tocava estridente no cômodo abaixo, esquecido em cima da mesa da sala de estar.
Seguindo o som agridoce, rumei ate as escadas para buscar o celular e desligá-lo – não queria falar com ninguém.

Um passo em falso e caio.
Mais de 30 lances de escadas e quase um pescoço quebrado ao chocar-me contra o sofá reencostado diante da escada de metal.

Com o pulso acelerado me assusto pelas conseqüências que aquele passo errado quase me causara. Poderia ter morrido ali, sozinho, sem ninguém saber. Numa pós foda com um desconhecido, cheirando a cigarro e o nariz entupido de pó barato.

Mas o interessante era que a morte em si era ate agradável naquelas condições – não mais pensar, não mais desejar, não mais trabalhar, não mais respirar, sem dores, sem decepções, sem magoas- o nada, o vazio...
Não, o que me fez temer a merda que poderia ter ocorrido, era a falta que eu sentiria de algumas pessoas. Não, não a falta que eu sentiria - afinal eu não mais sentiria nada (era o que eu esperava) - mas sim, a falta que eu causaria a algumas pessoas. Por um segundo, com o celular ainda tocando insistentemente nas mãos, pensei na vida sem minha mãe, sem minha família, sem determinados amigos e sem ele... Sem ele... O que seria pra ele viver sem...

E de repente percebi. Era a morte se fazendo entender e adquirindo respeito mutuo num igual. E o amor se revelando enfim. No que é simplesmente por ser.
Era estranho aceitar e entender assim, mas era.
- Alô!- disse ao atender o celular meio estagnado e arfando.
No telefone era engano, alguém chamada Elza, procurando uma tal de Claudia.

E eu, dessa vez sem meias, descalço e segurando firmemente no corrimão de metal gelado, voltei pro quarto. Onde me tranquei, apaguei a luz, desliguei o computador e fechei a janela, para me emaranhar nos lençóis ainda amarrotados da minha cama de solteiro, pronto para sonhar com um show de rock, numa rua repleta de diversidade saboreando uma valsa de chocolates...

Eu ainda estava vivo. Estou...

Tenho sonhado e projetado um amor ideal. aquele amor fantástico aquele amor de madrugadas frias e manhãs de calor. aquele amor que se vê at...


Tenho sonhado e projetado um amor ideal. aquele amor fantástico aquele amor de madrugadas frias e manhãs de calor. aquele amor que se vê através da neblina e que se esconde num mar de luz.
um amor de sonhos de leões rugindo sem cessar, uma amor de praia e neve, de contar folhas secas e plantas mudas de cravos.

Um amor de completar frases, um amor de silencio com abraços apertados. um amor de banhos mornos transformados e quentes, juntos. Um amor de pernas ásperas e mãos macias ou vice e versa. Um amor de musicas compartilhadas e filmes avessos. um amor de piadas e muitas lagrimas. Um amor de memorias e lembranças. um amor de planos futuros. Um amor de escrever mil vezes a inicial do nome no caderno e na parede do metro. Um amor de foto de capa de celular um amor de chamada direto no celular e de decorar numero de RG e conta do banco. Um amor de dividir despesas e contas a pagar. um amor de empréstimo de roupas e de dar nó na gravata.

Um amor de poemas e textos, um amor de dormir na mesma cama e acordar do tapete no chão. Um amor de noites na rua e tardes no bar. Um amor de guerras de pipoca e 'shiuuua' na sala de cinema. Um amor de poder chorar lagrimas de emoção na peça de teatro sem se fingir de forte. Um amor de mentiras sinceras e de segredos roubados. Um amor feito tatuagem, riscada, dolorida, demorada e viciante, com odor, cor, curvas, formas e um significado único para toda a vida. Um amor que mesmo que seja apenas de outono dure na marca que deixar, algo para recordar.

Um amor de costume e de espera. um amor de surpresa e de osmose. Um amor de segurar a nuca num passar mal, de febre e resfriado. Um amor de sala de espera e troca de curativo. Um amor de re,ela no olho e conversas com a escova na boca. Um amor de deixar um riso bobo na cara e um olhar de malicia. Um amor de arrepio de pele, de batidas fortes no coração e no sexo que pulsa. Um amor doente, daquele que adoece e cura. Um amor de poder se ver gripado de confiar as meias furadas e a marca estranha na cueca. Um amor de costurar remendos, de imaginar família, filho, neto, aposentadoria e os vizinhos chatos que fazem parte da mafia e são fãs de Barbra Straisand. Um amor de tão imaginário, que seja real. Um amor simples, de beijo, caricias e abraços, de perfume na roupa e brisa no ar. Um amor de se poder chamar amor e não apenas paixão ou um 'lance'. Um amor sem carência,um amor de precisar e não necessitar. Um amor de escolha sem poder escolher.
Um amor de vida dura, não de moleza e reviravoltas que nem da TV.

Um amor de Wall-e e Eva, de Romeu e Julieta, de Jack Twist e Ennie Del Mar... não.
Não um amor assim.
Um amor por assim.

Um amor com meu nome, meu DNA, minha identidade e... ti(?) '

Tenho sonhado e projetado um amor ideal. aquele amor fantástico aquele amor de madrugadas frias e manhãs de calor. aquele amor que se vê a...



Tenho sonhado e projetado um amor ideal. aquele amor fantástico aquele amor de madrugadas frias e manhãs de calor. aquele amor que se vê através da neblina e que se esconde num mar de luz.
um amor de sonhos de leões rugindo sem cessar, uma amor de praia e neve, de contar folhas secas e plantas mudas de cravos.

Um amor de completar frases, um amor de silencio com abraços apertados. um amor de banhos mornos transformados e quentes, juntos. Um amor de pernas ásperas e mãos macias ou vice e versa. Um amor de musicas compartilhadas e filmes avessos. um amor de piadas e muitas lagrimas. Um amor de memorias e lembranças. um amor de planos futuros. Um amor de escrever mil vezes a inicial do nome no caderno e na parede do metro. Um amor de foto de capa de celular um amor de chamada direto no celular e de decorar numero de RG e conta do banco. Um amor de dividir despesas e contas a pagar. um amor de empréstimo de roupas e de dar nó na gravata.

Um amor de poemas e textos, um amor de dormir na mesma cama e acordar do tapeto no chão. Um amor de noites na rua e tardes no bar. Um amor de guerras de pipoca e 'shiuuua' na sala de cinema. Um amor de poder chorar lagrimas de emoção na peça de teatro sem se fingir de forte. Um amor de mentiras sinceras e de segredos roubados. Um amor feito tatuagem, riscada, dolorida, demorada e viciante, com odor, cor, curvas, formas e um significado único para toda a vida. Um amor que mesmo que seja apenas de outono dure na marca que deixar, algo para recordar.

Um amor de costume e de espera. um amor de surpresa e de osmose. Um amor de deixar um riso bobo na cara e um olhar de malicia. Um amor de arrepio de pele, de batidas fortes no coração e no sexo que pulsa. Um amor doente, daquele que adoece e cura. Um amor de poder se ver gripado de confiar as meias furadas e a marca estranha na cueca. Um amor de costurar remendos, de imaginar família, filho, neto, aposentadoria e os vizinhos chatos que fazem parte da mafia e são fãs de Barbra Straisand. Um amor de tão imaginário, que seja real. Um amor simples, de beijo, caricias e abraços, de perfume na roupa e brisa no ar. Um amor de se poder chamar amor e não apenas paixão ou um 'lance'. Um amor sem carência,um amor de precisar e não necessitar. Um amor de escolha sem poder escolher.
Um amor de vida dura, não de moleza e reviravoltas que nem da TV.

Um amor de Wall-e e Eva, de Romeu e Julieta, de Jack Twist e Ennie Del Mar... não.
Não um amor assim.
Um amor por assim.

Um amor com meu nome, meu DNA, minha identidade e... (?) '


 "Me deixa ajeitar aquela sua camisa abarrotada, Me deixa ser aquele que lhe traz, lhe faz, lhe serve o seu café. Me deixa nivelar aq...

 "Me deixa ajeitar aquela sua camisa abarrotada,
Me deixa ser aquele que lhe traz, lhe faz, lhe serve o seu café.
Me deixa nivelar aquela sua mesa bamba, me deixa ser...

Me deixa limpar seus óculos escuros embaçados
Me deixa dar o nó naquela sua gravata,
Me deixa decorar seus modos, seus vicos, seu mimos
Me deixa ser sua decoração mais exótica
Me deixa ser seu segredo... me deixa ser...

Me deixa ser o seu copo d'água
Me deixa ser seu pano de secar lagrimas
Me deixa ser o ombro que sustenta o peso da sua vida
Me deixa ser o tormento, me deixa ser a pasta de dente do seu riso
Me deixa ser a bobeira de suas frases, me deixa ser...

Me deixa ser....
Me deixa ser....
Me deixa ser alguém...
Me deixa ser alguém na sua vida...
Me deixa ser."

'E é no frio das paredes ásperas e úmidas da minha casa e do meu quintal que reponho energias.' Hoje sai pro mundo. Coloquei m...


'E é no frio das paredes ásperas e úmidas da minha casa e do meu quintal que reponho energias.'

Hoje sai pro mundo. Coloquei minha botina, minha calça jeans, as mesmas meias com as quais acordei e sai. Sai com meu fone de ouvido mandando um som alto. Sai de boné, cabelo caindo nos olhos e encarnando tudo aquilo que grita: meus personagens.

Sai, andei pela madrugada com a lua de testemunha de cada olhar lançado, cada cantada recebida, cada carro encostado cada susto e medo exalado.

Sai e caminhei ate as pernas doerem. Sai e andei por ruas jamais visitadas, becos sem saída, avenidas extensas e perigosas, ruas privadas, calçadas de lama e praças fétidas, passei por cemitérios e botecos fechando. Uma mistura de álcool barato e fezes de cães e gatos se misturavam no ar cada vez mais gelado.

Entre as pausas de um carro e outro, de uma moto e outra, me deixa sentir cada partícula do ar frio, da pele arrepiada, do sono chegando, do cansaço e do suor frio. Da fome e da garganta seca, e da respiração ofegante. Me deixava sentir a musica nos ouvidos, único som alem do asfalto e das cigarras e grilos.

E no meio da avenida dancei. Dancei como se estivesse numa balada. Meus fones como companhia, dançando com a lua, brincando de ciranda no asfalto enegrecido. Entre um ou dois gatos nos telhados me observando com olhar de censura, eu ria. Gargalhava, agachava e fazia as mais complexas performances. Caminhões, ônibus reservados, carros de policia passavam e eu dançava. Olhares de preocupação e riso me eram jogados, mas eu não me importava. Não via; Eu queria entrar em comunhão com o meio. Com o meio eu, meu inteiro. Minha parcela se inteirando naquela rua. E ali fui.

Voltei a toda a realidade quando os pássaros deram sinal de que o novo dia iria acender a luz. Caminhei lentamente de volta para casa.
E percebi que entre meus espasmos como esse de me encontrar para não me perder totalmente, o desapego voltava de forma branda talvez mais gradual.

Pessoas de diamantes já sem o mesmo deslumbramento de antes em minhas retinas. Copos de café de anos, sem gosto, aquele filme predileto sem vontade, aquela musica, aquele artista já sem sentido permanente. 

Atos, fatos e conversas, conversas de in Box, post’s, horas e visitas, tudo em osmose se tornando desnecessário ou sem motivação. Desapegando do que pegava. Amores e presenças, abraços e beijos, sexo, transas, cheiros e fluidos, tudo em desapego.
As series, o joguinho da internet antes vicio hoje preguiça. A rotina se fazendo desafio, e mesmo assim desapego.

Tudo esvaecendo. 
Definitivamente? Não, claro que não. 

Minha vida é e sempre foi pontuada de partidas, silêncios, de cala, de pausas, de afastamento. Me ter é saber e compreender que é preciso se afastar as vezes para me ter verdadeiramente por perto.

Sou feito de silencio e solidão. O oco, o vazio,  o casulo me entende, me faz bem. É acalanto. Dentro de tantos sons de tantas vozes e gritos que me permeiam, às vezes preciso só de mim e mais ninguém. 

Trancado em meu quarto, na segurança do meu PC e meus textos. Do meu fone, do meu cão que sabe calar. Sem olhar, sem dedo apontando, sem fofura ou empatia.  Às vezes preciso do esquecimento, do deixar-me ir, para ir sendo ate que enfim possa voltar e me ser tendo.

São nesses momentos de dança sob a lua no asfalto, de conclusões de manhãs frias e desapego, que me tenho e que sou. Sou quem sou para sempre continuar sendo eu e não Outro. Entende?
Will Augusto. Tecnologia do Blogger.

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