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 A pele entrecortada dos dois lados, bochechas e lábios. Um gelo nos pés que calor nenhum consegue esquentar. Entre os cobertores - d...



 A pele entrecortada dos dois lados, bochechas e lábios. Um gelo nos pés que calor nenhum consegue esquentar.
Entre os cobertores - dois, três, em camadas sobrepostas - lacro as beiradas e com o ar rarefeito a me acompanhar, faço noite. Faço noite para poder enxergar.

E ali na escuridão sob as mantas, a garganta embrulha vagas e preenchimentos que a máxima ‘passou’ gritada a tanto afinco por mim mesmo aos quatro ventos, me dizem estar erradas. 'Ah! Quando a percepção nos engana e zomba da gente...'

Planejei andar apenas de lado e sempre em frente, para poder estar em comunhão simétrica com o passado e o futuro, e ainda assim viver o presente como bem minha razão manda. Mas o pressentimento de que algo falta ou não esta correto me faz sempre vacilar na posição, na angulação de mundo e às vezes dar as costas a um lado ou apenas interromper algum plano maior, aberto em detalhe de qualquer coisa que eu deveria analisar melhor. 

Eu sou assim. 
Eu sou.

Ainda sob a manta, me faço criança e brinco de lembrar de brincar cirandas, pega-pegas e brincadeiras que eu mesmo inventava e já naquela época manipulava como verdadeiras e existentes a minha vontade. Isso porque no meu mundo, quando quero que algo exista mesmo sem poder, aquilo se torna real. Menos com pessoas, nunca entendi pessoas.

Sob a manta e os cobertores, revejo series de nostalgia que me fazem recordar e constatar o porquê tenho tanto medo de dizer TE AMO, e o porque tais palavrinhas são tão significantes onde o próprio sexo não é. Relembrar o porquê é difícil de me comunicar com meu próprio sangue e o porque nem mesmo eu ou os melhores  ao meu redor e dentro de mim, conseguem e jamais conseguirão me decifrar de fato, por completo.

Me pego sonhando também, com possibilidades e ensaios de conversas e lembranças plantadas, para uma premonição futura e inventada, onde ainda assim choro e engasgo antes de adentrar novamente sua casa, relembrar seu portão e garagem, e simplesmente repensar a avalanche de equívocos e fundos de poços que eu mesmo me enfiei, balançando e molhando a barra das calças.

Alias, sonho, ainda que eles como sempre me repito, sejam pesadelos, recorrentes onde uma luz forte me cega, onde uma sombra dispersa se aproxima e entra, no corpo através da alma e me leva. Abduzido, levado, possuído, o que seja. Mas sempre pressinto segundos antes de se completar a ação,e  acordo suando sem saber se a tremedeira e o medo não passou de um pesadelo intenso ou se há algo realmente de peculiar comigo voltando através do que sempre reneguei e fugi. Por covardia.

Coloco a fé de lado e me embrenho no esquecimento, pegar o que me assusta e trancar no armário – aquele armário abarrotado, capenga, de madeira que se desfaz em pó e água-, sem querer saber o formato exato da chave, pretendendo nunca abri-lo.

E ainda assim, acordado percebo deja vu’s cada dia mais constantes e um prelúdio de algo que torço e rezo mesmo sem fé absoluta que não passe de paranoias e medos de criança que não sabe brincar ou se esconder direito. Prelúdios de valas, becos, buracos, caixões, corridas, gritos, perseguições, esconderijos  simplesmente por ser quem sou, por ser quem e como nasci. Mas enfim. Em fim para tantos fins.

É que sob minhas mantas me faço a minha própria noite, relembro a pergunta da Lagarta a Alice: 
“quem és tu?” 
e permaneço em silencio enquanto reflito em luto, enquanto tento identificar os significados das musicas em inglês que escuto, enquanto seguro minhas pernas em posição de feto, enquanto meus pés necrosam no inverno gelado do vento lá fora, e da tempestade aqui dentro.


(parece que precisarei  me acostumar a ideia de começar a usar pantufas...)

Estranho quando você percebe que não esta só no mundo. que mais pessoas ao redor da vida, em varias épocas sentem e sentiram a mesma dor q...

Estranho quando você percebe que não esta só no mundo. que mais pessoas ao redor da vida, em varias épocas sentem e sentiram a mesma dor que você; que compreendem ainda que ainda não sejam capazes tal qual você de explicar em palavras escritas, visuais, musicadas ou faladas isso. Porem se isso poderia fornecer na teoria um consolo a essas almas, essas cabeças peregrinas, na verdade em mim ao menos causa desconforto. Uma mescla de alegria, paz e tristeza/desespero. Por constatar que mesmo que eu não seja o único a sentir tais dores, esses outros muitos sem rostos, tal qual eu permanecem para sempre sem solução para acabar com isso. Isso porque aos poucos se entende que ha pessoas que nascem assim. Tal qual impressões digitais. Quem nasce inquieto vive e morre inquieto. Alguns aprendem a disfarçar se tornam atores e atrizes para seu próprio palco, mas a dor não muda, não vai, não cessa. Ate silencia, mas não morre.

Então muitos dizem não entender e de fato não entendem porque a pessoa que tem tudo, dinheiro, família, amigos, é amado, ama, tem saúde, disposição, força, vitalidade, perfeições, os dois braços, as duas pernas, todos os sentidos funcionando como se espera; Por que essas pessoas se suicidam, entram em depressão, são infelizes, quietas, barulhentas, solitárias. Não, você que não entende, jamais entendera. Não dá.

O vazio, mesmo quando cheio é pesado demais. O vácuo também preenche, também esgota. Para cada um a dor é uma coisa diferente. A minha não é a mesma que a sua, alias, nem mesmo eu sei qual a minha. Só sei que as vezes, certas artes - a unica coisa que consegue chegar perto de traduzir o que bomba ou o que não bomba entre os gritos e silenciosos do peito e da mente -  me fazem olhar para o que eu diariamente, hora por hora tento disfarçar. Vivo atuando, desde que percebi que lagrimas só causam dor de cabeça, narizes escorrendo e garganta seca. Atuo pra mim, alem de mim, dia  apos dia, para ocultar esse vazio que não se preenche. Chamo de dor, que não existe cura ou morfina. Por ela eu sou o que sou. Não sei o que seria sem ela. Feito espelhos d'água me vejo, reflito, canto, filmo, escrevo, rio, me perco, dramatizo, coloco problemas para resolver, me afundo, me afogo, mas sempre com um salva vidas de escarnio. Apenas para sentir o melhor dessa dor, e esquecer da outra parte que me impede de falar alto, me impede de demonstrar tristeza e rir continuamente a todos. que me fez esconder atras de computadores, cartas, livros, cadernos, filmes, series, personagens, musicas, shows, bandas, peças de teatro, e o olhar baixo enquanto ando na rua. Que me faz tirar foto sobre foto para ver uma face diferente da que tenho por dentro e me auto afirmar- não me findar-. Como e deixo de comer, faço amor, sexo, fujo mas permaneço em nome de lembranças mesmo as que quero e deveria esquecer. Volto para trás e danço, ou pernaço deitado de olhos fechados sonhando e sonhando ainda que em pesadelos. Que ma faz temer o futuro e não enxerga-lo comigo nele.

Por essa dor não nomeada eu sinto, para não sumir pelo ralo ao virar água, escoar-me por ela e morrer. sumir, entrar no esquecimento do nada e não mais sentir. Sem medo, é apenas que prefiro escolher ficar e sentir, doer. Sim, doer, para quem sabe quando o nada chegar, eu consiga obter o prazer de saber como é se diluir entre ela e por ela.

Estou doendo...


**Texto/Reflexão extremamente pessoal do autor, após a exibição do documentário nacional 'Elena' da diretora Petra Costa.

Dizem que ele foi morar tão longe, ali no lugar onde ninguém cabe. Não levou malas, meias nem canecas. Somente um par de botas para tri...

Dizem que ele foi morar tão longe, ali no lugar onde ninguém cabe.

Não levou malas, meias nem canecas. Somente um par de botas para trilhar o caminho das pedras, e um gorro de lã para esquentar suas ideias no rigoroso gelo do inverno.
Não se sabe ate hoje seu nome, profissão, idade, ou altura. Só se diz pelos cantos que sua sombra é corpórea e densa, quase maciça.

Nesse lugar onde ninguém cabe, ele instalou uma republica de um só. Sem estar só. Mesmo que ninguém conseguisse caber neste lugar, sempre havia pessoas indo e vindo, ficando a esmo mas logo voltando a ir. Só nunca, mesmo que sendo só ele. Ninguém cabia afinal.

Esse lugar onde foi morar, uma casa sem portas e com duas janelas redondas  com cortinas de seda branca, era grande, vasto. Com arvores, cantos de pássaros coloridos e um céu azulado, ainda que não fosse totalmente azul. As noites eram amenas e escuras, num tom de cinza escuro bem peculiar. Sem estrelas, só a Lua grande durante o dia e a lua minguada, a mesma; durante a noite torrencial.

Seus dias passavam de arrastão a pulos. Ninguém estranhava, afinal ninguém via, ali, ninguém cabia.

Ate que um dia, numa tarde de chuva, Outro surgiu por lá. Procurando um mesmo lugar, para nada mais caber. Este queria espaço para alguém, mas não queria nada além, nem de alguém ou de ninguém.

Descobriu-se que este lugar onde ninguém cabe, era o mesmo onde nada cabia também. Era o mesmo lugar separado por uma cortina d’água que ele; o que ninguém cabia; jamais havia notado. Afinal, aquele lugar era extenso.

 Juntos, sem nunca se falarem, mas sempre se enxergarem eles conviveram bem, ate a ultima manhã de domingo. Onde pela primeira vez em anos as semanas e as coisas mundanas voltaram a fazer parte de um cotidiano instalado. Quando Ele começou a encontrar lugar para o Outro que pela primeira vez percebeu que ali ainda cabia alguém.


Ali, as madrugadas ainda seguem sem nuvens. Ainda...


‘Olá pessoa que inventa o mal para separar...’ Se notar bem, é possível ver as ondulações da cortina de pano leve amarelo balançando pelo v...

‘Olá pessoa que inventa o mal para separar...’
Se notar bem, é possível ver as ondulações da cortina de pano leve amarelo balançando pelo vento frio que entra pelas frestas da janela entreaberta.
É manhã, e desperto com desejos e vontade de existir ou simplesmente me perder por ai esquecendo que é preciso viver.

É uma constante, alias, são uma constante. O plural não se enquadra dentro do singular, este sim, aqui, ainda que a gramática não obedeça minha opinião.
São vidas em uma vida, que se vive em semanas. Vidas completas ou a se completar, e ficar no meio termo entre ir e vir também. Vidas de frio querendo se esquentar.

Coloco um soul, um jazz ou mesmo um samba de raiz. Entre meus tons de branco, preto, cinza e vermelho sangue ou de enrubescimento, viajo ate as mais ínfimas ondas do espaço sideral das paginas desses livros mofados ou simplesmente me deixo flutuar sereno e calmo nas viagens dos filmes mais improváveis e de calmaria serena e solitária do meu universo particular.

Transponho tais relatos de cada vida aos papeis e editores de texto a esmo sem cessar. A procura de uma lacuna escondida de significado e riso frouxo ou de alguma emoção, medo talvez e adrenalina ainda que silenciosa, só para mim. Criar e me criar nessa criação. Fazer-me cria e criador num ínfimo instante.

Mas pauso o pensar e a grafia e exalo recados nas paredes do coração:


" .. Arruma um canto pra ficar comigo
Se você não se importar, eu posso te levar
O meu carinho que carece abrigo.."


São nas vidas de frio onde me encontro mais entre os passos dos meus perdidos. 

Vinte quatro anos, vinte quatro primaveras e vinte e quatro outonos. Penso que já vivi muitos tantos invernos e verões também, mas os m...

Vinte quatro anos, vinte quatro primaveras e vinte e quatro outonos.

Penso que já vivi muitos tantos invernos e verões também, mas os mais marcantes sempre foram os outonos e as primaveras. Ainda que eu tenha nascido sob um inverno rigoroso.

Acho que a estação do meu nascimento diz muito sobre quem sou e quem serei, quem fui e quem voltarei a ser. Sou um ser mutável e disso todos sabem aqueles próximos e aqueles longínquos. Não é preciso estar perto de mim, ou me conhecer pessoalmente para perceber o quão instável e mutável sou. Sou um emaranhado de emoções, de vontades e desejos, de abandono, de apego, de indiferenças, disfarces e fases diversas de sinceridade, m verdades, mentiras e muita ocultação e camuflagem.
Sou um emaranhado amassado repleto de nós a desatar e a se enrolar ainda mais.

Não é fácil conviver comigo e também não é fácil deixar de conviver- tenho essa consciência de ego sincero-. Sou um ser normal e cotidiano de raridade estranha talvez... Não sei.
Muitos me conhecem pelas palavras, acho que é meu ponto de partida. Depois me enxergam pela sensibilidade ou pelo silêncio que sempre me acompanha ao lado de um sorriso muitas vezes amarelado e automático.

Sou um ser feliz, sem paz, perdido, mas coerente em toda a confusão e utopia existente dentro, fora e ao redor. Em cada pedaço biológico, espacial e os fragmentados nos amores entrelaçados no coração, na mente e nas lembranças.

No meu aniversario entro numa bolha de ferro, aço e marfim, que reluz, e ressoam todos os pensamentos e reflexões, todos os demônios e dádivas de uma só vez. É um caos interno intenso, que dói, e causa uma pitada de prazer sadomazoquista a cada ano relembrado. E esse ano são vinte e quatro. Uma cicatriz e ferida aberta, uma morfina e copo de café quente e saboroso para cada hora deste dia. São Vinte e quatro anos de descobertas, esquecimentos, de valias de erros, de liberdade e aprisionamento, de crescimento e esmorecimento completos e faltantes também. Sempre contra planos, sempre. 8 ou 80. Cara ou Coroa. Ou melhor, A ponta. A quina. Nunca um ou outro, sempre o meio entre os dois lados. Ali estou cá. Ali estou eu.

Penso nos amores, nos sonhos, nos planos. No reflexo do espelho, nas sombras nas paredes e no chão. Penso em tudo e em nada também, onde fui, onde estou, aonde cheguei, onde irei, como irei. Nos porquê’s, nos como’s e nos agora’s.

Um turbilhão que faz com que cada aniversário seja difícil tal quais natais para passar e sobreviver.
Há farra, alegria e emoção por cada lembrança e consideração de rostos desconhecidos, de vozes nunca escutadas de pessoas, de sentimentos que se imagina não passar de dígitos numa tela virtual mas que carregam sinceridade jamais imaginada. Emociona... Cativa...


É um dia de turbilhão. De Estações. Onde passeio por todas elas num piscar de olhos. Onde acendo a vela da minha alma e só assopro a meia noite rumo ao dia dez. onde corto os pedaços de amargura e entrego o primeiro pedaço ao inferno, para que me deixe por mais longos anos, ou longos momentos permanecer errante no labirinto dessa vida. Onde faço festa com minha sobrevivência, percebo que estou aqui e danço com a luz sob os aplausos do sol. Onde sinto o vento gelado do inverno enrubescer minha face e com uma sensação de aconchego me enxergo pela primeira vez, uma vez a cada ano e percebo: 

Vida vadia minha, te amo pra caralho e obrigado por me deixar te-la. Mas, dá um tempo para minhas rugas e dor nas costas vai!
Will Augusto. Tecnologia do Blogger.

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Aquilo Tudo que posta no Facebook e mais tantos mistérios que nem mesmo o espelho ou o mundo dos sonhos foi capaz - ainda - de descobrir.