contador visitas
contador de visitas

A Casa Vazia 'De repente, os ventos de fora começam a zumbir, esfriando e assustando. As cortinas esvoaçam, as janelas trincam. A...

A Casa Vazia


'De repente, os ventos de fora começam a zumbir, esfriando e assustando. As cortinas esvoaçam, as janelas trincam. As portas batem em uníssono, quase que macabro, como uma nota de funeral sem compasso.
Então, a gente se tranca. Tranca portas e frestas. Cimenta. Enterra. Bate pedaços de madeira nas janelas e nos buracos. Ate mesmo nos ralos e privadas. Toda e qualquer saída ou entrada para o mundo la fora, precisa ser tampado.
Ali, entre a escuridão, como companhia apenas moscas e aranhas, insetos e sombras. A poeira se esgueira cautelosamente e vai tomando a extensão da casa, da cama, dos moveis, do espelho que já nada reflete alem de borrões.
Os alimentos apodrecem, a fome se esvai. As lagrimas param de limpar os olhos e só servem para inchar as córneas, sujar o rosto.
As teias de aranha, os ratos, as lesmas, vão tomando como suas aquele novo mundo encerrado de nós. Uma casa abandonada, repleta de bagunça e sujeira, moveis sem entrelaço, sem simetria, tapetes puídos e um cheiro acre de podridão e acidez, entre vômitos secos e sangues sem dor.
A humanidade vai caindo por terra, enquanto o animal ferido e agonizante vai crescendo pata a pata, ate emergir em esquecimento ou arrebatamento.
Ate que um dia, alguém bate à porta. Seja vivo ou seja morto, seja humano ou seja bicho, seja apenas uma pedra ou um filete de chuva destemida.
E então, uma brisa sufocante - pelo descostume de respirar -invade o pulmão, corpo e local. E se entende que, apesar da alma aspirar em maldições e derrotas de imortalidade, a realidade, é que, ainda continuamos aqui. Continuamos nós. Para o horror ou a benção.
E então, é chegada a hora de tirar os panos dos moveis, limpar a poeira, varrer o chão, lavar as louças e paredes, abrir janelas e arrebentar as portas.
Cansa.
Dói.
Faz sofrer cada milimetro de trabalho para ajeitar e consertar o que se pode cicatrizar e aquilo que só se consegue estancar. Pra continuar.
Então, os espelhos voltam a formar reflexos difusos, repletos de arranhões, mas refletem. A luz volta a entrar, seja elétrica ou a velas.
E, ainda que o vento la fora continue a soprar, a casa já volta a ser habitada com vida. Monstruosa, fria - ou não-. Não importa. Ainda que moribunda: Viva!''


{Re} formas 


Quanto tempo não freqüento aqui dentro?
Quanto tempo não olho ou sinto o cheiro do que exala por aqui?
São tantas horas, tantos dias. Corridas, subidas e descidas. Lágrimas estancadas. A meses que não choro. A um ano que queimo os olhos em líquidos transparentes. Não por não ter o que sentir. Isso há. Há todos.
Mas há tempos resolvi estancar tudo. Dominar e domar muito mais que todos os antes. Segurar. Não soltar mais nada. Ainda que o resto lá fora esteja embaralhado e desordenado. La solto.
São vinte seis que parecem de clichê em clichê seu avesso em sessenta e dois. Ofegante e vacilante. Vejo o passado se reerguer neste presente para uns de maneira nostálgica. Para outros de maneira nefasta. Para mim, de ambas as maneiras. Como se os dias se acumulassem e fossem transpassando o tempo e dizendo a mim, como deveria conta-lo pois ele é limitado. Como se aportasse ali adiante um montante incerto de mais caos, mais terrores, onde agora eu deveria apenas pernoitar em calmaria e espera.
Nunca soube esperar. Sempre atrasado. Nunca esperando. Não sei chegar no horário que o ponteiro indica e não sei esperar ele revirar suas voltas. Coisas mudam. Isso nunca.
Tenho passado meu próprio passado como flashs num olhar distante, de momentos tais que me trazem angústia e um riso frouxo. Sabem aquela lembrança de ter visto um senhor idoso beijar sua esposa num parque a anos atrás? Esse tipo de sorriso que não é felicidade e nem humor. É apenas um esboçar involuntário gostoso como um abraço calmo.
Tenho estado impaciente, por tantos tempos - assim no plural - que me recuso a olhar pra dentro, que já nem sei mais como está a casa que deixei de resguardo.
Mas, agora ao ler de relance um texto sobre redondismos me peguei pensando nas formas. Não nas geométricas. Mas nas formas que essa vida nos pega ditando sabores, odores e coisas que seguem uma fluidez que não se estanca a nossa vontade. Quem me dera poder mudar as formas das coisas. Pessoas, do asfalto, do barro sob meu tênis surrado, do som da minha voz. Mas, pela primeira vez, em minhas formas, nada parece que meu querer quer mudar. Está assim, e assim deixa-se estar.
Sim, há alguns sentires que queria poder deixar. Mas, pela primeira em muito tempo, essas formas estão e não me causam lágrimas por estarem.
E isso é bom não é?
Ainda que no peito e na pele permaneçam a sensação de que tudo que se estanca em breve transbordara. Tudo que em forma em breve desformara. E tudo que é bom, em breve... Bem, em breve.
(E tomara que a forma dessa sensação esteja imperfeita dessa vez)
Will Augusto. Tecnologia do Blogger.

Realidade Utópica no Face

Utópicos

Contact Us

Utopicos ate o momento

Eu
Aquilo Tudo que posta no Facebook e mais tantos mistérios que nem mesmo o espelho ou o mundo dos sonhos foi capaz - ainda - de descobrir.