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Hoje remexi nas gavetas trancadas do quarto e revi lembranças proibidas. Encontrei cartas, cartas de despejo, cartas de cortejo, cartas d...


Hoje remexi nas gavetas trancadas do quarto e revi lembranças proibidas.

Encontrei cartas, cartas de despejo, cartas de cortejo, cartas de adoção, cartas de um um menino apaixonado e cartas de um garoto revoltado, cartas de um homem cansado e cartas de um velho nostálgico. Nos cantos entre as poeiras e os clipes, estavam duas ou três recordações de um verão e de dois outonos. Havia bexigas vazias e algumas ainda nos pacotes para serem preenchidas. Retirei tudo da-li de dentro. Os repousei sobre a mesa de cabeceira e parei, contemplando a superfície da gaveta mofada e com cheiro acre.

Parei refletindo se deveria limpa-la, passar um pano úmido ou não.
Notei que haviam marcas, rachaduras e riscos sobre a superfície da gaveta. Ao puxa-la era possível escutar um rangido.

E me veio vozes, imagens, toques de pele e cabelo, sons, conversas, tudo aquilo que aqueles espaço guardou.

Ali sobre a cabeceira, as bolinhas de gude, as cartas de 'Yu-Gi-Oh', as 'BayBlades', os livros de colorir, as fitas com musicas gravadas da radio... Havia também os pacotes vazios de preservativos, as alianças devolvidas e aquelas nunca dadas, as recebidas e ate mesmo a sombra das recusadas, havia os celulares quebrados e suas baterias, as pilhas do Disk Man inexistente, os recortes de jornal do artista preferido, a bituca do cigarro e a erva no saquinho semi-aberto mas nunca usado. menos evidente estavam a carteira de trabalho, a solicitação da carteira de motorista, o diploma da faculdade, o histórico do ensino médio, o pen drive, a câmera de vídeo sem filme,o perfume, os testes de HIV negativos, as prestações do computador, e a fatura do cartão de créditos; as contas de água e luz vencidas. E fotos, muitas fotos de rostos iguais, de rostos diferentes, de rostos esquecidos, de rostos mortos, de rostos distantes, de rostos amigáveis, de rostos desejáveis. Muitos rostos, faces, fases, ângulos, luz, sorrisos congelados e lagrimas também, expressões de medo, de apreensão, de duvida, de desafio. Fotos...

Estava tudo ali, num embolo de sentimentos, emoções, sonhos e desistências, de preocupações, saudades, esperanças e realidade. Tudo espalhado e misturado, toda uma vida, ainda em percurso, tudo cabendo numa gaveta antiga e empoeirada.
E decidi deixar a gaveta como estava, com suas marcas, com seus arranhões, com aquele rangido característico. Só passei um pano umedecido.
Coloquei toda a vida de volta a gaveta e a fechei novamente.

Sobre a cabeceira, somente duas fotos rasgadas, as embalagens de preservativo vazias e as bolinhas de gude- além da bituca de cigarro e as cartas escritas e recebidas-.

E nessa limpeza e revista uma mescla de choro e sorrisos perpassou a mente e o coração, aflorou a pele, mais que o cheiro de mofo que exalou pelo quarto. Alias, um cheiro de odor forte que ao mesmo tempo que nauseava, entorpecia.

Penso em quando voltarei a ter coragem de reabrir essa gaveta...
Dessa vez não a organizei, apenas limpei e ajeitei. Inclui mais alguns objetos e um bilhete escrito por mim enquanto algumas lagrimas sorridentes caiam.

No bilhete: "...Tudo passa..."

'Entre todas as curvas de suas palavras eu me desarmei. Levantei as mãos e decidi não mais lutar.' Olhei entre as poeiras que o a...


'Entre todas as curvas de suas palavras eu me desarmei. Levantei as mãos e decidi não mais lutar.'

Olhei entre as poeiras que o ar trazia e formava, e vi tudo aquilo que um dia queria que permanece-se. E foi.

Foi-se. Deixei e não impedi. Foi porque foi. Por que ia. Porque vai.
E se foi é porque em algum momento veio, chegou, aconteceu, mesmo que não tenha sido.
Penso na data, em que sentarei num banco, e refletirei, lembrando com saudade ou riso frouxo de memoria, em tudo aquilo que já passou, em tudo aquilo que já fui, me tornando esse que sou e aquele que será.

Ontem em meio a madrugada, andando pelas ruas, com o fone de ouvido bem alto, me permiti parar em baixo de uma arvore, e se sentar próximo a um ponto de táxi, com aqueles bancos de madeira próximo a uma esquina.
Ali recordei de amigos, de lagrimas, da minha antiga escola, a época do ensino fundamental.

Os professores que deixaram suas marcas ao serem mestres, aqueles em que nunca houve conexão e que se repetiriam em outras tantas vozes e rostos também. No dia de revolta da sala e a punição, o choro de lamento, algumas partes eclipsadas mas não apagadas de humilhações permitidas, de vontades reprimidas, de mentiras e historias inventadas, de sensação de pertencer aonde nunca coube.

Das manhãs acordando cedo para ir a educação física e o medo que tinha da bola e dos machucados produzidos por ela, a falta de coordenação para pular corda ou ficar suspenso em apenas um pé no aquecimento. Os dias de atraso pulando o muro, as noites de musica sob as paredes e sonhos de ilusão na biblioteca de mesas redondas, os primeiros amores e frustrações.

As varias faces de melhores amigos nomeados aqui sem problemas já que a vida se encarregou de leva-los: Jessiquinha, Jamil, Paulo Henrique, Tiago,Rodrigo,Luís...

Tantos planos, tantos segredos, tantas metas e sonhos.
Os primeiros dias de aula, como imaginava ter crescido tanto, com a pose e a perna apoiada na parede, mascando chiclete me sentindo o dono do mundo por mais um ano avançado, as excursões, as piadas de ônibus, as idas escondido a sala dos professores para mostrar textos e contos aos professores de português colecionando elogios que eu tornava secretos.
As casas abandonadas, os problemas compartilhados e ouvidos, as encrencas e castigos... Tantas conversas que o vento presenciou e a memoria mal reteve.

São tantos momentos, tantos sentimentos... Tantos que hoje são poucos.

A madrugada avançava, me levantei. E avancei...
Com o frio batendo já nas minhas costas e pernas arrepiadas, avancei também nas lembranças, para as das relações de tantos seres que já passaram pela minha estrada, e tantos deles, tantas ruas e caminhos que hoje nem sei mais o nome, ou já não mais lembro a cor dos olhos, ou o tom de voz.

São beijos perdidos, sabores retidos, símbolos e insignias, signos. Pedaços inteiros e pela metade de tons de olhos, tons de pele, alturas, corpos, vozes, pelos,mãos, dedos, temperatura, força do abraço, do cochicho no ouvido, de malabarismos de línguas e saliva.

São tantos sonhos e pensamentos no dia a dia, trocas de horário para trazer vontades ao dia a dia, procuras e idas.
Retenho ainda na mente e na pele cada nome, numero de telefone e dígitos que dediquei meu corpo e coração.

E quantos mais virão?
Quantos ainda até o permanente, ate aquele que mesclará todos em um só, onde identificarei cada ano, cada inverno de conchinha e cobertores e café quente, cada noite de cigarros tossidos, e insonias compartilhadas, onde identificarei cada mania, cada frase e bordão, cada um dos passados nesse presente.

Quanto mais futuro me cabe e me tem a frente até eu vive-lo?

Nessa estação de vai e vem, de carros, motos, bicicletas, patins, e ruas de chuva e calor de regatas, não espero ou procuro mais por nada. Pois hoje, idade ou maturidade seja qual explicação em palavras cada sentido queira dar, me mostraram que é possível ouvir ecos em cada linha de calçada e cada buraco de asfalto que deixamos pelos caminhos dos nossos pés. E em cada canto dessa cidade e em outras, há uma lembrança, ha uma memoria, um eco do que foi e se repete sempre dentro de mim. Hoje aprendi a escuta-los e não teme-los como sons agourentos mas sim como canções de fazer fechar os olhos e recordar, voltar a sentir e chorar ou rir e ter saudades. Sinfonias.

Sem lanças nas mãos, mas com um escudo mais apertado. To no mundo, girando com ele e querendo se-lo a cada curva que me for apresentada.

Sejam as curvas que forem; ainda que agora, ao chegar em casa, eu queira as SUAS curvas, as curvas de suas mãos na minha cabeça e na minha cintura e as curvas de toda a sua identidade repleta de ancestrais nas minhas curvas de vontades de Você.

Remetente: "Este o que divago"
Destinatário:  "Àquele que criar significado entre meus enigmas; - Você (?)"

'Num mundo que se faz deserto, temos sede de encontrar um amigo.' 'É o mesmo sol que derrete a cera e seca a argila.' ...

'Num mundo que se faz deserto, temos sede de encontrar um amigo.'

'É o mesmo sol que derrete a cera e seca a argila.'

Hoje me peguei lembrando de nós, ou melhor, me vi pensando em você.
Estranhamente pensando não no que você era, mas no que você hoje é.

Antes te via como o ideal perfeito de defeitos e entradas onde minhas partes poderiam se acomodar, onde antes você era o que preenchia de forma absoluta tudo aquilo que meus caminhos, becos e pedaços poderiam oferecer de espaço.

Hoje não o vejo assim, alias, nem mesmo o vejo fisicamente, lhe vejo com o pensamento e a vontade de novamente lhe abraçar e encontrar ali mais que o calor que seu corpo sempre teve e doou, encontrar ali mais que o perfume característico independente da fragrância que escolhesse no inicio do dia, muito mais do que as mãos em volta da cintura e o costume de envolver nos braços enormes todo o corpo como quem pega uma criança no colo.

Hoje o vejo de maneira peculiar, vejo-o como o ser que mais me entendeu, que mais se conectou, que mais foi. E por isso sempre será. Vejo entendimento numa palavra, numa expressão, numa frase, num olhar; sempre o olhar. Como sempre foi, mesmo que não seja como sempre fora.

Mas hoje senti falta, falta das conversas, das risadas, dos segredos, dos olhares se desencontrando para finalmente se encontrarem, senti falta das bebidas, das preocupações  da necessidade de star junto, das brigas e discussões - quem diria- senti falta da mania idiota, das mordidas, da fome insana, da voz aguda e grave nas horas mais estranhas,do sorriso de boca torta, do corpo curvado...
senti falta da ironia e jeito de olhar para cima e virar de queixo erguido quando quer encerrar um assunto de modo avassalador.

Senti saudades, sim, saudades das madrugadas, das conversas de msn ate os pássaros cantarem e nos avisarem que é tempo de dormir, das insonias, dos planos, dos textos dedicados a você e dos códigos indecifráveis exceto por mim nos seus textos de enigmas e sonhos. Dos doces e do bombom, das musicas e da canção, dos medos e coincidências. Da minha cama na sua casa e do caminho do metro ate o seu portão.

Saudade do seu modo critico e irritantemente teimoso, do meu fugir nos shows e bares assim que os níveis alcoólicos subiam em seu corpo lhe fazendo ficar com um olho maior que o outro e por algum motivo com vontades absurdas de me fazer irritar, ruborizar e ficar com marcas vermelhas e roxas.

Hoje acordei e senti falta da saudade de ver, ouvir e sentir sua presença, mesmo que saiba que ela ainda esta e sempre vai estar- com cautela claro, afinal sombras e fantasmas existem para sussurrar em formas de memorias sempre e isso é de certo modo bom- mas hoje voltei a sentir o vazio da Raposa, Do Aviador e do Pequeno Príncipe.- Nunca sei quem é quem na equação...

"Conhecer não é demonstrar nem explicar, é aceder à visão"

E la estão os meus sonhos me fazendo viver tudo aquilo que não tenho, que não é, que não foi, que não irá, que é não, mesmo querendo ser si...


E la estão os meus sonhos me fazendo viver tudo aquilo que não tenho, que não é, que não foi, que não irá, que é não, mesmo querendo ser sim.

São realidades paralelas, realidades utópicas de tudo aquilo que parece fazer parte mas não sai, não transparece, não existe, não... É mais negação do que afirmação.

São possibilidades de jeitos, de falas, de personagens, de lugares, de ventos, trilhas sonoras; feito filmes. Nem sempre belos, nem sempre bons, nem sempre felizes. As vezes são aventuras, são terrores e suspenses, as vezes dramas e romances puros, as vezes é pornografia e vezes outra surrealismos infinitos, dicotomias e parcimônias que vão alem da compreensão, sentido, coerência ou mesmo explicações ou preceitos.

São partes de mim, pequenos cubículos sem formas que se fazem vivos em alguma parte dessa minha mente que não cessa e se transforma, expande a cada dia, a cada segundo.

É o sequestrado querendo resistir, é o prometido tentando fugir ao ser perseguido, é o assassino tentando se controlar, é a vitima tentando sobreviver, é o apaixonado tentando fazer continuar, é o moribundo tentando permanecer.

Tentativas vãs que me fazem sentir correto. É lar, é sensação de abraço de mãe, é o quando se tem certeza pelo calor e aconchego de que ali é o lugar correto, é aquele inebriamento de que tudo faz sentido mesmo nas irregularidades e no proibido.

Muitas vezes pensei não fazer parte desse mundo, não pertencer ao comum. E nesses sonhos, penso que penso certo. Talvez eu seja uma alma que ainda vaga a procura do universo correto, um alienígena em busca do caminho de casa, um espirito tão livre em essência preso em terra, numa realidade e tempo que não condiz com o ar que deveria respirar.

Me sinto errante, e aí se explica o quanto acho difícil aceitar, o quanto persisto em não modular de acordo com a frequência que o mundo grita, o quanto tão poucos fazem sentido e se espelham em reflexos. O quanto acho mais fácil e necessário calar e a voz e só deixar as palavras escritas dançarem e cantarem, o quanto as artes se fazem presentes, futuros e um passado talvez inexistente mas tão absoluto que se faz compreensível.

E o quanto meu casulo, minha casa, as paredes, meu cantinho, meus segredos não ditos parecem tão necessários e enfins, onde me protejo, vivo e invento historias e realidades que condizem com meu Eu.

Meu mundo, um mundo que só eu conheço e que tanto quero conhecer por isso.

O vento sopra mudanças, e balança a areia. Os olhos enchem de poeira e por ela lacrimejam (também...) Não consigo te perdoar. Você me p...


O vento sopra mudanças, e balança a areia.
Os olhos enchem de poeira e por ela lacrimejam (também...)

Não consigo te perdoar.
Você me pergunta: perdão pelo que? Do que sois culpado?
De nada!
Você não me fez nada, mas eu te julguei dentro de mim.
Te sentenciei, te acusei, lhe condenei.
O seu eu em mim me feriu, machucou, cuspiu e difamou
o seu eu em mim me estuprou e violentou, torturou e mutilou
brincou, jogou, ameaçou, sequestrou, partiu
Preciso da vingança e do perdão antes de voltar.
Preciso te perdoar, sua parte culpado aqui dentro.
O problema é que ao prende-lo, te encerro solto para passear
Por entre minhas carnes de imaginação e sonho
Ao executa-lo, lhe perco e liberto
Tu voltas livre para me assombrar, feder e pesar
Lhe faço exumado no meu corpo cemitério
Então te enterro, ate não mais ouvir sua respiração
Então lhe queimo, para simplesmente sopra-lo em cinzas, em todas as direções
Te exagero, e só guardo as lembranças, rio delas e rio de mim
ate achar graça e vergonha do que um dia temi e idealizei como único e certo.

Justiça!
Meu sexo é meu tribunal, meu coração as provas e evidencias, as mordidas no corpo, o cheiro do perfume, as musicas viciadas, e os costumes adquiridos
O interesse, a luta, o desejo, a tampa da garrafa, o vip pra balada, a carta não enviada, o poster ganhado e perdido, tudo evidencia a ser arquivada.
Meu corpo e minhas palavras, o martelo, meu olhar o juiz, minha ausência e silêncio sua sentença.
E finalmente, quando não mais houver a pena, a pena para cumprir
me sentirei livre, pago e recebido pelos crimes que cometi e sofri
Livre para chorar sem desculpas ao vento
Livre para sorrir e não mais esboçar sua gargalhada nas sombras que projeto na parede e nos ecos que falo por aí.

Ainda sou seu refém quando menos espero, quando baixo a guarda
Mas minha alforria já esta assinada e selada. Pois assim escolhi!

E aquele seu pesadelo? Ufânico! Periculoso! Penso nascer e morrer a cada dia, a beira da loucura comum, minhas horas passam feito quem...


E aquele seu pesadelo? Ufânico! Periculoso!

Penso nascer e morrer a cada dia, a beira da loucura comum, minhas horas passam feito quem vê a caverna de fora, com medo de entrar.
Não sou aquele que Platão descreveu e desvendou. Sou o inverso. Vi a realidade e me escondo temendo o que esta ali na ocultação. Não tenho medo ou vontade de conhecer as sombras. Sou do lado de fora, sou a sombra que forma interpretações do lado de dentro.

Talvez eu devesse ser ator, e talvez eu realmente o seja sem saber. Vivo interpretando papeis, parece que cada vez mais, mais querem sair de mim. Tantos, do assassino ao puto, do santo a vitima e do carniceiro ao bruxo, do zumbi suicida ao guerreiro de luz e fogo.

Me espelho na lua e imagino fases passando. Regente ou crente para quem acredita.

É que por instantes, aquela foto e aquele nome do RG não condizem com o que vejo no espelho. Não condizem com as vozes que escuto ao redor. Com o som ao redor.

Inquieta criatura. Desnuda, nua, crua perspicácia que esfola ate o ultimo canto empoeirado da essência. Escrevo e compartilho em sentido mudo amplio a consciência disso e mostra ao mundo com olhares estranhos.

Não é raro a pessoa me ver um dia e enxergar um outro no mesmo olhar que achou que conhecia ou que vira ontem. Eu mudo sendo o mesmo. Eu finjo modificando e assim sendo verdadeiro.

E nesse passe do que sou, de qual personagem resolve habitar e viver, sigo escrevendo, tentando deixar e construir apenas no papel os personagens, antes que eles criem vida e queiram atuar com voz ativa.

Sim, deles tenho um pouco de medo, porque e se eles na verdade me levarem para o interior da caverna?

Tive um sonho essa madrugada do qual de verdade, não queria acordar. Um sonho ao mesmo tempo bom, prazeroso, estranho, confuso, feliz e ex...


Tive um sonho essa madrugada do qual de verdade, não queria acordar. Um sonho ao mesmo tempo bom, prazeroso, estranho, confuso, feliz e extremamente aventureiro. Havia perigo ali, coisas pelo qual se arriscar, mas era MEU LUGAR. Ha tempos (anos e mais anos) que não tenho essa sensação de pertencer. A sensação de "lar" ainda permanece mesmo agora. A pergunta que me faço é: será apenas um sonho?

"...E ainda consigo sentir as curvas dos seus braços entre os meus, 
sua camiseta branca, e seu pescoço virado para me encarar. 
Seu sorriso... 
seus olhos.... 
seu perfume... 
sua presença... 
Sua presença ainda nessa ausência aqui..."

Eram becos sem saída, uma cidade repleta de voltas, casas, uma loja de moda e uma rua de comercio abarrotado. Havia pontes e tuneis, uma casa de paredes brancas, família e amigos na sala, um segredo compartilhado de intimidade, e um segredo misterioso, macabro em um buraco de madeira num quarto com um berço recém-comprado.
Em nenhum momento vi seu rosto, mas já o conhecia. Em nenhum momento ouvi sua voz, mas eu a escutava claramente.

É preciso se afastar do mundo para enxerga-lo melhor?
Sei que quero sair de fora, pra fora, de dentro, pra dentro, Ver, cheirar, sentir, ouvir e beber o mundo, conhecer pessoas, observar rachaduras, poças d'água, formações de lama.
Quero ver o cachorro perseguindo uma sombra e o gato pulando de muro em muro. Quero sorrir para a lua e imaginar o que há além dela, quero beber nos bares tarde da noite com amigos e inimigos também, quero ser ouvinte de um ancião qualquer um jovem comum, ouvir seus pensamentos, suas teorias, quero poder me desligar feito bateria retirada para me conectar com aquilo que esqueço dentro de mim.
Quero mais, sempre mais de tudo aquilo que me falta, que me ganha, que ganho, que recebo e dou. Quero mais, mais do que o prazer e a dança das línguas, mais que o abraço apertado e o calor que não sai somente de mim. Quero tudo que houver no nada, mesmo assim, se este me fizer sorrir. Quero o que é preciso ser, pra ser sempre eu outra vez. Eu preciso...

Penso que por vezes sou o mesmo garoto que um dia saiu da escola, sozinho; andou pela praça que ficava ali perto, sentou num banco e ao olhar para as pessoas andando, correndo, vivendo pensou em seu futuro. Pensou em cada coisa maravilhosa que a vida poderia lhe reservar ou não.
Sei que imaginei algo, mas já não me lembro mais, que algo foi esse.
Herói, o perseguido, o escolhido, o eleito, a vitima, o vilão, no fim do mundo, na terceira guerra, o descendente do espião, o bandido atrás de respostas, ou o mocinho que tem de resistir e escolher fugir ou lutar contra opressores, alienígenas ou forças ocultas vindas do além da imaginação.
Já tive todos esses papeis, sonho com eles, eles me tem e eu os tenho no fundo da percepção. Como qualquer um; nenhum deles é real. É a apenas a minha realidade. Há diferença...

Mas por momentos como agora, me pego desejando, esperando, que ao assoprar as velas desenhadas na areia a porta do quarto se quebre e revele um meio gigante para me levar ao meu lugar, que naquela maça comida no lanche da tarde, haja o veneno que me faça dormir sem sonhar, ate que o beijo venha me despertar. E que haja mais sabores e cores a cada hora, alem do quarto iluminado pelas luzes de um computador saturado, com lagrimas sem tristeza ou dor caindo pela face de um menino que pensa que é homem, mas envelhece a cada angustia só dele, sentida.

Eu queria meu Era Uma Vez...

"Entre estranho, se faça conhecer, me aperte no peito, me alivie a cabeça, me enxergue mesmo do avesso e liberte minha voz, para eu poder dizer sem temores quem sou eu. Entre!."


"Por onde andei, enquanto você me procurava?" Tento achar uma resolução naquilo que é irresoluto quase sempre. Feito diário ...


"Por onde andei, enquanto você me procurava?"

Tento achar uma resolução naquilo que é irresoluto quase sempre. Feito diário aberto com manchas entre as barras das paginas me faço compreender.
A muito tempo decidi expurgar demônios, demônios que saem de mim, entram em forma de anjos, de vento, de doces, de momentos, de um olá, em forma de uma olhar e se transformam em ecos e sussurros que me compilam, abraçam e arrebatam, me  dizendo coisas, me fazendo coisas, me pesando coisas.
Entre estes, aqueles que servem para impulsionar e são raros amigos tortos. Mas a maioria é de ferida e tapa, ferida aberta que fede ao passo que apodrece, e precisa ser suturada ou pior, aberta ainda mais para ser limpa e poder enfim cicatrizar.

Uso as palavras como um antisséptico funcional que limpa essas feridas, cai fundo na contaminação e vezes cura, vezes cicatriza, mas às vezes reage com alguma coisa que não deveria e faz infeccionar o que já estava inflamado.

Por isso decidi recentemente não mais escrever sobre tais demônios, não mais falar de sentimentos não mais mexer naquilo que esta invisível e trancado.
Não por medo, este já não faz mais parte desse organismo, mas por cautela. Cautela de não me permitir mais chorar, cautela de não me permitir mais cair e sangrar. Pode parecer dramático, ou simplesmente algo extremista e exagerado demais. Pois é!

Tudo aquilo que desestabiliza preceitos é exagerado. Mas isso é uma forma racional de explicar...
O caso é que decidi deixar.
Deixar para lá anseios, deixar para lá medos, deixar brigas, deixar injustiças, deixar cansaços. Deixar verdades, deixar revelações.
Deixar inimizades, deixar crises, deixar depressões, deixar o passado.
E deixar principalmente as pendências. Deixar tudo para se tornar resto e apenas parte, do que custosamente seria um Tudo de um inteiro todo. Tenho me banhado cuidadosamente de preguiça e de vontade de caminhar. De pé no chão, nu sob a estrada sem me importar com o tamanho e medida que me dão sem me importar com o dedo apontando e a pseudo constatação do outro, ou mesmo de mim mesmo.

Tem me servido bem, tem me amortecido bem. Mas algo parece querer despertar.

São letras de musicas repetidas, são filmes se tornando latentes na vontade, são lembranças e necessidade de procura são sonhos e pensamentos me fazendo voltar no tempo, numa mente brilhante aparentemente sem lembranças em cores vermelhas e laranjas, se tornando um azul celeste vivo, de bares, copos, ruas, horas, filmes, musicas, desenhos, cartas, textos, post’s, mensagens, sensações, dialetos, segredos, tratamentos, sorrisos e cheiros, risos e gargalhadas, lagrimas, ligações na madrugada num corredor qualquer, desculpas, perdões, surpresas, danças, luzes e noites de lua cheia olhando as estrelas.

Tudo vindo a tona, como um grito distante do fundo de alguma coisa pulsante talvez, de querer e falta de vazio ou saturação demais.
Tampei os ouvidos e permanecerei assim por quanto tempo conseguir, ate as vozes e lembranças se fazerem dominantes, me abraçarem, me dominando em seu peito e exigindo voz de réu num julgamento.

Em outras palavras: escolhi não mais falar de amor.
Mas parece que o amor, resolveu voltar a falar de mim.

To confuso.

"E tudo ao redor grita, e entre as vozes escuto o seu canto. E é sabor doce."
Will Augusto. Tecnologia do Blogger.

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Aquilo Tudo que posta no Facebook e mais tantos mistérios que nem mesmo o espelho ou o mundo dos sonhos foi capaz - ainda - de descobrir.