Ha dias em que acordamos pro mundo sem de fato termos deixado o mundo dos sonhos. Algo parece meio onírico, suspeito, disperso; e apesar dos olhos abertos, do caminhar, do ir e vir tudo ainda assim parece estranho, como se tudo estivesse fora do lugar correto. Mas qual o lugar correto?
Uma sensação sufocante, asfixiante... Querendo falar, mas não conseguindo se escutar, querendo gritar sem saber o porquê ou como começar. O que faço aqui? Por que ainda estou aqui?
Cansaço, utopia, marasmo? Talvez... E é exatamente isso: não sei.
Não saber, não entender, não conseguir enxergar alem, ter os olhos abertos e não ver, ter os ouvidos desimpedidos e não ouvir, ter as mãos livres, mas paradas, ter olfato, mas não conseguiu cheirar... Nem mesmo o ar parece tão leva como antes... Antes? Quando este antes? Houve antes? Ou só o agora, o ontem, o amanhã, o nunca?
Perdido em labirinto sem, contudo desconhecer onde esta. Um labirinto aberto, uma escada rolante quebrada que não leva pra cima ou pra baixo, se move pros lados, da esquerda ou para o direito... Tanto faz... Ou não?
Importa o que pensamos o que penso o que sinto, se sinto estou vivo, se não, já morri ou morri em vida?
São muitas interrogações, mas de fato não foi por isso que escrevi. Já não lembro qual o fato do começo, já não sei se estou no começo ou no fim, sei que não estou no meio, pois no meio saberia de qual começo vim ou de qual final estaria pra ir., e nada sei.
Escrever já não liberta mais por hoje, ouvir já não acalma mais por hoje, saber, compreender ja não dá paz por hoje, falar, levantar, fazer, opinar, parar, já não satisfaz por hoje;
Por hoje só quero poder pensar; hoje é só hoje. Sem mais, só hoje, só um dia, quente, frio, chuvoso, louco, racional ou leviano, só hoje, quero um só hoje.