Era dia de frio, era um local fechado, mas com consciência velada de que se tratava de um lugar aberto. Rua augusta talvez, ou uma porta de um show...

Vários iguais espalhados pelos cantos, tentando se aquecer do vento que açoitava.

Demorou, mas achei.

Estava sentado numa espécie de cadeira, como se estive diante de uma mesa redonda de tampo de mármore. Tudo estava muito indistinto, borrado, escuro, confuso. Meus olhos só visualizavam seu rosto, os demais eram borrões.

Estava coberto com um cobertor, se não me engano alaranjado ou vermelho escuro.

Dormindo profundamente, meio de lado, quase caindo da cadeira. Percebi, me aproximei e velei esse sono, pronto para  amparar assim que o vento viesse e tentasse lhe derrubar.

Vento... Aproximo-me e puxo sua nuca de encontro ou meu ombro, para acomodar sua cabeça em meu peito, para que durma tranqüila...

Ele acorda, meio zonzo identifica quem o ampara, sem dizer nada se acomoda feito gato ou pássaro no ninho. Repousa a cabeça em meu peito, passa os braços por sobre minha cintura para se firmar e me firmar na mesma cadeira ao qual se encontrava.

Levanta o cobertor em convite a compartilhar o calor que ele não deixa escapar.

Encaixo-me ali, passo meus próprios braços em volta de seu corpo, me entrelaçando. Suas pernas sobre as minhas sem pesar, apenas esta, aconchego é a palavra.

Ele volta a cair no sono, enquanto fecho meus olhos e acaricio seus cabelos negros...

Ele se move e noto que o cobertor caiu alguns centímetros fazendo-o se arrepiar... Cubro-o direito ele lentamente sobe a nuca, eu entendo o movimento e me preparo para o que sempre esperei...