Era dia das borboletas. Amarelas, avermelhadas, laranjas. Eu como todo ano iria confeccionar asminhas de papel(aparentemente machê mas pelo peso não podia ser) com canudinhos de pirulitos para se tornarem quase pirocopteros.

Chegado o dia tudo certo, ate que minha prima se esquece de fazer as delas e precisávamos de mais de 500 e as poucas 200 que eu havia feito ela ainda conseguira a façanha de derrubar e estragar (estava num balde amarelo).

Beleza corremos para o local onde soltariam as borboletas resgatadas das zonas d perigo e a que veríamos se tornarem borboletas de fato ao saírem de seus casulos escuros.

Porem no meio do caminho vem o vento forte. Tempestade anunciada e molha minhas borboletas decorativas de papel.

Havia um menino lá perto, estranho,  quieto, calado, olhar de mistério, de óculos, baixo.

Ele sai correndo chorando ao notar a tempestade. Ele era um aficionado por borboletas e com a tempestade o evento seria cancelado.

Ele era vizinho de baixo da casa de minha tia, onde eu estava hospedado.

Notei que ele estava ainda mal, falando sozinho assim que cheguei em casa e fui desgrudar as borboletas de papel grudadas nas paredes no quintal de minha tia.

Tentei conversar com ele e ele começou a me lançar profecias no ar. Olhando-me intensamente. Não parecia mais com o menino quieto... Parecia mais um...

Mas não podia ser.

Seus olhos eram ofídicos e hipnotizavam... Só percebi isso quando feito cobra ele estava segurando em meus braços com força e tentando me fazer pular da sacada do quintal rumo a si, com olhar de malicia e (sim) fome. Era um bicho prestes a me devorar.

Percebi o perigo bem a tempo e me desvencilhei e sai de perto dele. Comecei a trancar todas as portas e janelas. Ninguém me ouvia ao dar o alerta. Era como se eu não estivesse lá.

Luz apaga, acaba a força. A tempestade retorna forte. E em meio à escuridão uma matraca a cada vez mais alta e uma luz cintilante lembrando uma borboleta... Acordo... Ou não...