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Dois copos de solidão. Um vermelho e um amarelo Um da gloria e um da dor Ambos pela metade Suando escassos diante de quem já cansou ...

Carta de Exílio


Dois copos de solidão. Um vermelho e um amarelo
Um da gloria e um da dor
Ambos pela metade
Suando escassos diante de quem já cansou de sorve-los

Pela mesa, rastros de seus pingos que evaporam lentamente
Lentamente.. Como quem os encheu durante uma vida inteira
Mas ainda assim, mesmo sem ter a quem sorve-los, eles evaporam
Vão embora e vazam sem me esperar
Nada me espera, nem a gloria, nem a dor

Pela janela o vento forte,
Que derruba muralhas mas não explana os cabelos
Duros, turvos, sem brilho, já sem cor
Diante da juventude um cansaço que não se espelha ou reflete
No mar, ate onde posso ver as ondas, suas curvas
Seu movimento assustador e inebriante
Hipnotizo ao passo de que vejo ali, o reflexo do que já não há mais

Nas horas vagas que caminho, sem som ao passo
Só escuto o ecoar das sombras e das pegadas deixadas para trás
O passo tem som, o passo segue, o passo deixa, o passo dado
Que avança um e deixa outro pra trás

E quantas perguntas sem respostas, e quantas respostas sem perguntas?
Quantas bocas sem beijo e corpos sem calor?
Quantos banhos que nos remetem de volta ao útero
Não possuem um choro sincero, um pedido de ajuda, de cessar?
Quantos pontos de interrogação mais, nas costuras das linhas de palavras
Escritas e ditas, com voz rouca e baixas, ou gritando pro mundo que não abre os olhos?

Entre elas eu procuro quem me espere.
Quem me espere entre meus atrasos, quem preencha o vazio que não se retirou nada ou não se ocupa
Quem me espera enquanto o sol vermelho se põe
Quem me espere diante do trono sem coroa

Diante das escadas infimamente limpas da entrada de alguma casa abandonada
Quem eu consiga olhar nos olhos e ver alem das pálpebras alem das sobrancelhas turgidas, além do brilho refletido pela luz nas lagrimas contidas
Alguém que me espere, diante do tempo que vai, deixando risos em lembranças ou medos de memória
Que me espere. Que me espere marcado como um x na questão já resolvida, marcado como a sujeira das botas na calçada, como a mancha do lençol branco na cama morna e desarrumada, como as marcas dos calcanhares sem beijo beijos de despedida ou roçares de um igual qualquer.
Que me espere mesmo na ida, num lugar de chegadas e despedidas

Despedidas como esta
Como uma canção de exílio
Como uma pequeno rascunho poético de uma sinfonia que não deve ser tocada
Como uma canção de fato, que não deve ser cantada
Como um declame baixo, sussurrado e escondido atrás da porta
Um exílio rumo a alguma caverna talvez...

Onde finalmente me esperam
No vale onde as correntezas nunca cessam..

(...mais um gole.. e engasgo.)


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Aquilo Tudo que posta no Facebook e mais tantos mistérios que nem mesmo o espelho ou o mundo dos sonhos foi capaz - ainda - de descobrir.