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"Havia uma corda bamba. Erguida e estendida em tudo aquilo infinito que não se podia ver ou perceber. Era uma imensidão sem ...

DEPRESSION AND RESILIENCE




"Havia uma corda bamba. Erguida e estendida em tudo aquilo infinito que não se podia ver ou perceber. Era uma imensidão sem fim ou começo aparente. Reta, as vezes torta. 
E lá estava ele em cima dela. Descalço e se equilibrando de pé.

Não dava para saber a qual altura mas, não havia chão aparente abaixo de si.
Horas e dias, meses e anos. Relógio que não para e a cada momento o peso do seu próprio corpo começava a ferir seus pés. Ventania e tempestade. A corda amolece e depois enrijece. Balança. E o equilíbrio começa a custar muito. 
Ele continua a se equilibrar mas a gravidade parece querer lhe puxar. 
O vento parece querer lhe derrubar. Seu próprio peso cada dia mais pesado começa a afundar sua pele, carne - suas solas dos pés cada vez mais fundo na corda. 
Manter -se ali parece impossível mas, ele se mantinha.
Tudo que ele queria porém ela poder sentir a corda arrebentar de vez ou deixar - se ceder sobre seu peso e cair no esquecimento.
 No silêncio..."




 Tristeza, aflição; é um estado afetivo duradouro caracterizado por um sentimento de insatisfação e acompanhado de uma desvalorização da existência e do real. Essa é a definição do dicionário. Todo ser humano, todo animal passa por momentos de tristeza, de insatisfação e de angustia. É um processo natural da vida, tanto quanto a alegria, o prazer, a dor.
Muitas pessoas acham que ‘estar na bad’, ‘estar amuado’, ‘estar cabisbaixo’ é o mesmo que estar depressivo. Não é.
Depressão é algo além. Constante. Continuo. Um surto de tristeza, seja por alguma perda ou insatisfação, tem seu tempo de duração. Como quando perdemos alguém – seja existencialmente ou metaforicamente – precisamos daquela tristeza do luto para que o nosso corpo e mente entenda, registre e sobreviva aquela mudança brusca. É natural e benéfico.
No entanto, na depressão, ocorre algo mais peculiar. Seja lá o que for que o desencadeia, essa tristeza se torna tão profunda, que o próprio corpo e mente não consegue lidar com ela. O corpo libera processos químicos tais que modificam pensamentos, vontades, processos fisiológicos. Toda a percepção de viver da pessoa se altera num estado que não é mais controlável.

Quando estamos tristes ou chateados, apesar disso, conseguimos ser capazes de executar nossas tarefas e afazeres diários. Talvez com um pouco mais de dificuldade, mas conseguimos. Pois é uma tristeza consciente. E por tanto que conseguimos controlar no âmbito de não deixar que ela nos domine.
Na depressão, não. O indivíduo não consegue mais controlar aquilo. Aquela sensação que toma todo seu ser, tudo que ele conhece na vida.
  

 É como se nada fizesse sentido. E seu lado racional, seu lado comum te levasse a crença de que tudo aquilo é apenas uma onda de mal estar passageira.
Mas, não é.
É mais do que sentir - se incompreendido, é mais do que lágrimas ou desmotivação. É mais do que permanecer apenas deitado nos cantos sem expressão.
É como se houve uma barreira invisível que não se consegue enxergar ou descrever, empurrando e asfixiando a pele, ouvidos, poros e visão. Todo o mundo, desde a estante da sala até o soalho mudam. Desde a privada ao chuveiro. Do céu azul às músicas; perdem o gosto, o deslumbramento, o sentido de antes.
É como estar num rio à deriva, sem saber nadar, sem saber boiar, sem saber a profundidade dele. Sabendo que nada além daquilo que não cessa está na sua mente. No seu Ser. Dentro de você, tomando tudo.

E os outros podem dizer que é questão de vontade de levantar e seguir. Frases e abraços deixam de ter impacto. Como um idioma desconhecido.
As vezes até pedir ajuda se torna impossível pois, o furacão não permite que se saiba como proferir as palavras certas do que se precisa. Você só quer que acabe. Que tudo volte a ser como antes.

Mas, esse antes, também deixa de existir. Como lapsos de memória que vão ruindo conforme você afunda mais e mais dentro ou distante de si.

E nem sempre é continuo.
Não é como uma torrente de água incessante caindo. Não é como uma torneira aberta que nunca fecha.
As vezes à rupturas onde o riso, a "normalidade" parecem retornam. Como se fosse uma luz forte acima de um fundo oceano indistinto. É então que nos agarramos a esses momentos como quem se agarra a um galho seco de árvore na queda de um precipício. E enquanto estamos ali é onde conseguimos rir, conversar, sorrir, falar do cotidiano, das coisas que cada dia mais vão desaparecendo. E isso custa. Um esforço quase físico. Que cansa, que exausta.

Mas o galho é sempre seco e sem aviso, a queda se estabelece de novo. Sem motivo sem razão. E o frio dela se torna mais denso, mais pesado. Porque é como se aquilo que te aprisiona te desse alguns passos de liberdade só pra você descobrir que continua andando dentro daquela prisão.

Você, seu Eu, aquele que você construiu e que sempre existiu vai deixando de existir.
Na sua casa, com seus pais, amigos, amantes. Tudo é mecânico.

Às vezes você se assusta consigo, por que aquela imagem – a do espelho, aquela voz que sai da sua garganta - já não é a que você conhecia de si mesmo.

São como anos sem parar de pensar. Pensamentos sem letras, sem sons, sem formas, sem nada explicável, Você só sente. E estes, te fazem permanecer insone.
Ou nada.
Nada além de um vácuo inexistente, sem absolutamente nenhuma contração se estabelece. Nem de respirar, nem de existir. E então você dorme. Sem sonhos. Ou com pesadelos. Sem monstros ou com eles. Mas todos num ambiente denso que te aglomera como parte de algo aquoso e lamacento que seu próprio corpo te faz entender que não é natural existir. Quando isso corre, o sono, o desligar-se de  tudo aquilo tem uma sensação de confusão. Você perde a perspectiva das horas, dos minutos que se passam. Dos sons ao redor. Não é algo que te descansa. Que te poupa. É apenas mais uma das teias que te envolvem preso em tudo aquilo sem fim.
Pessoas com depressão são pessoas vivas mas, mortas dentro de si. Nem mesmo como zumbis podem ser comparados, pois estes tem seus propósitos. E ainda assim não sabem que estão caminhando por ai.  Apenas estão ali.
Vegetal lacrimoso, grito sem ecoar, fingindo ser sem realmente lembrar como é ser e estar.

Penso que a depressão é como o próprio universo. Você sente sem saber como explicar isso, mas sente, que ele é infindável, escuro, com pequenos e pontuais feixes de luz ou fogo, com pequenas explosões sem sons. Reagindo distantes. Não há em cima ou em baixo. Não há leste ou oeste. Você nem sabe assim, qual o centro e onde você se estabelece naquilo. Você só sente que aquilo simplesmente está ali. Não se sabe como surgiu e quando partirá. Nem se existe algo além daquilo. Pois, tudo antes daquilo para de ser reconhecível.
E com o tempo, você se acostuma com aquilo, não como alguém cego que aprende a caminhar sem luz. Mas, como alguém que só conheceu aquilo a vida toda. Essa é a sensação. Como se fosse Platão sem sair da caverna. E então você desiste de tentar andar. Desiste de tentar caminhar. Pois não sabe onde irá parar. Nem mesmo parar parece satisfatório. Pois o solo não é duro e seguro tampouco. Você se resguarda. Feito feto abortado num saco no canto mais escuro da sala gelada. Apenas esperando o fim.


Porém, não é só de dentro que está sombra lhe ataca, lhe doma, lhe toma, ‘lhe abraça’. Há as cobranças externas, que nem sempre vem em forma de cobrança direta. As pessoas ao seu redor, muitas vezes, não percebem que você está se afogando, pois muitas vezes, você tenta disfarçar esse aterramento. Você tenta a todo custo, não puxar e levar consigo aquelas pessoas que tanto ama junto para essa escuridão. Então você se fecha mais do que a própria angustia já lhe faz fechar-se e isso não é proposital. É inesperado. É instintivo.
Ora você sente que precisa estar perto daquelas pessoas que tanto ama, desabar nelas e compartilhar o peso insustentável de estar naquela corda bamba. Mas, ora você só quer está só. Recluso, como algo indigno e anormal de estar no mesmo lugar que aquelas pessoas sem sombras a lhe compor.

É um paradoxo que só confunde mais e mais o verdadeiro inferno que é permanecer existindo com tudo isso em si.





(Sobre) Vivendo com Depressão




"(Con)Vivendo com uma pessoa deprimida"



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