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Lembro-me de poucas coisas do meu passado concreto. Ruas, placas de carros estacionados, vitrines de lojas muito caras e feias para algu...

Eu; Will Skywalker


Lembro-me de poucas coisas do meu passado concreto.
Ruas, placas de carros estacionados, vitrines de lojas muito caras e feias para alguém entrar e realmente comprar algo. Padarias que exalavam cheiro de cafeína e trigo, esquinas beirando a defecações de cães, humanos e urina.
Mas algo que me lembro com exatidão é da pergunta insistente que sempre me faziam.
“- Porque você não nos olha nos olhos?”
Sempre me questionei a respeito disso.
Dizem que pessoas que olhavam fundo em seus olhos são mais seguras de si, mais confiantes, mais verdadeiras...
Hoje entendo o porquê sempre evitei que me olhassem diretamente nos olhos.
É que diz o mito e crença popular que os olhos são a única janela ainda aberta para nossas almas. São neles que se reflete com sorte e em certos momentos da vida, o que se passa por dentro de nós.
E talvez seja por isso que eu sempre evitava esses olhares esquadrinhados.
Por medo. Medo de que conseguissem visualizar as frestas do inferno que se apossava de mim. Medo de verem o monstro que habitava o rosto de anjo. Medo de que entendessem o que no meu intimo sempre compreendi, mas nunca quis aceitar: que eu era o anti-vida. Eu era o pior que o mundo poderia um dia pensar em conhecer e oferecer.
Sabe o Skywalker? Sim ele... É igual. Somos iguais.
É como se toda a minha vida fosse marcada pela presença da tentação. Tentação de pegar tudo que eu sofrera tudo que já passei, e transformar em força, uma força escura. Uma força capaz de ferir, de matar, de fazer dor e ter prazer pelo sofrimento, pela ganância, pela vingança.
Sempre gostei dos vilões. Sempre gostei do escuro, mesmo que também sempre o temi. Mas nas sombras era onde eu sempre de forma confusa e sem explicação, onde eu encontrava real abrigo, onde eu me sentia parte de algo e não apenas mais um num todo. Era onde eu era o todo e cada som fosse apenas pedaços.
Era onde eu me encontrava em lar. Onde eu me achava em voz, textura sons e jeito. Onde eu podia me fazer vitima, ou criatura.
Era onde meu coração de fato experimentava a real adrenalina, era a minha maça do Éden.
Vampiros, zumbis, vilãs, assassinos e psicopatas. Algo neles sempre me fascinou... E no fundo eu sabia o porquê...
Todos nós nascemos e crescemos, nos achando príncipes e princesas... Os melhores...
Anjos que vieram a Terra sim, para sofrer, mas porque somos tão bons quanto Cristo, e assim precisamos sofrer para provarmos nossa honra, perseverança e caráter como justificativa plena e prova de que merecemos as entradas do paraíso.
Eu não. Sempre vi cada dor, cada lagrima, como uma tentação a mais para a volta ao lar.
Sempre fui o calado, o gênio indomável, teimoso e áspero, enigmático...
O tipo de pessoa que sabe tudo de todos, suas maiores fraquezas, seus piores segredos, seus medos... Sem nem ao menos precisar pedir que tais os forneçam. É natural.
Agora, imaginem por um instante, uma pessoa assim, do lado de lá. O pior inimigo é aquele que um dia se fez amigo. E é verdade. Judas era um apostolo afinal não? Lúcifer era o preferido de Deus não era?
A maldade caminha colada, ela é tudo aquilo que de melhor e mais confiante possa ter, é a única certeza humana. É por isso ela é tão provocante e convidativa.
Eu, aparência frágil, com uma mente nada má. Que posso passar despercebido por qualquer lugar e me adaptar a qualquer pessoa ou local, ou mesmo situação. Que tem nas palavras o dom de encantar e da mesma forma machucar.
Sou aquele que a ausência traz revolta, sou aquele que um ‘A’ a mais numa frase em que se esperava ‘O’s’, pode fazer o mundo da pessoa cair ou levantar. Manipulação...
Penso às vezes se eu realmente passasse para o outro lado... Como seria a vida. Me entregar a loucura a felicidade instantânea, ao fácil ao perigoso ao natural.
Seria tão simples. Uma palavra, uma mensagem, um olhar, um tapa, um plano... e toda uma vida de disfarces e regras cairia por terra para uma sombra ganhar luz e forma plena.
Divirto-me com meus vilões dentro de mim. Mas às vezes tenho medo.
Medo de reconhecer no espelho ou no olhar de outras pessoas tudo aquilo que vive adormecido e tão preso e controlado dentro de mim. Quão simples e rápido seria pegar uma faca, uma arma e... Quão ligeiro seria me embrenhar por entre a noite e ter uma conversa, um post, uma carta...
Mas talvez ainda não seja hora, talvez seja efeito das bebidas, do cansaço, na selva de pedra acordada e que zumbi sem parar, talvez seja apenas confusão de momento.
Mas algo é certo. Eu não olho nos olhos. Não adianta tentar. Meu castanho pertence ao sol, e as lentes negras de meus óculos escuros sem grau.


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Aquilo Tudo que posta no Facebook e mais tantos mistérios que nem mesmo o espelho ou o mundo dos sonhos foi capaz - ainda - de descobrir.