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'E é no frio das paredes ásperas e úmidas da minha casa e do meu quintal que reponho energias.' Hoje sai pro mundo. Coloquei m...

Dança do asfalto sob o Luar e o Desapego


'E é no frio das paredes ásperas e úmidas da minha casa e do meu quintal que reponho energias.'

Hoje sai pro mundo. Coloquei minha botina, minha calça jeans, as mesmas meias com as quais acordei e sai. Sai com meu fone de ouvido mandando um som alto. Sai de boné, cabelo caindo nos olhos e encarnando tudo aquilo que grita: meus personagens.

Sai, andei pela madrugada com a lua de testemunha de cada olhar lançado, cada cantada recebida, cada carro encostado cada susto e medo exalado.

Sai e caminhei ate as pernas doerem. Sai e andei por ruas jamais visitadas, becos sem saída, avenidas extensas e perigosas, ruas privadas, calçadas de lama e praças fétidas, passei por cemitérios e botecos fechando. Uma mistura de álcool barato e fezes de cães e gatos se misturavam no ar cada vez mais gelado.

Entre as pausas de um carro e outro, de uma moto e outra, me deixa sentir cada partícula do ar frio, da pele arrepiada, do sono chegando, do cansaço e do suor frio. Da fome e da garganta seca, e da respiração ofegante. Me deixava sentir a musica nos ouvidos, único som alem do asfalto e das cigarras e grilos.

E no meio da avenida dancei. Dancei como se estivesse numa balada. Meus fones como companhia, dançando com a lua, brincando de ciranda no asfalto enegrecido. Entre um ou dois gatos nos telhados me observando com olhar de censura, eu ria. Gargalhava, agachava e fazia as mais complexas performances. Caminhões, ônibus reservados, carros de policia passavam e eu dançava. Olhares de preocupação e riso me eram jogados, mas eu não me importava. Não via; Eu queria entrar em comunhão com o meio. Com o meio eu, meu inteiro. Minha parcela se inteirando naquela rua. E ali fui.

Voltei a toda a realidade quando os pássaros deram sinal de que o novo dia iria acender a luz. Caminhei lentamente de volta para casa.
E percebi que entre meus espasmos como esse de me encontrar para não me perder totalmente, o desapego voltava de forma branda talvez mais gradual.

Pessoas de diamantes já sem o mesmo deslumbramento de antes em minhas retinas. Copos de café de anos, sem gosto, aquele filme predileto sem vontade, aquela musica, aquele artista já sem sentido permanente. 

Atos, fatos e conversas, conversas de in Box, post’s, horas e visitas, tudo em osmose se tornando desnecessário ou sem motivação. Desapegando do que pegava. Amores e presenças, abraços e beijos, sexo, transas, cheiros e fluidos, tudo em desapego.
As series, o joguinho da internet antes vicio hoje preguiça. A rotina se fazendo desafio, e mesmo assim desapego.

Tudo esvaecendo. 
Definitivamente? Não, claro que não. 

Minha vida é e sempre foi pontuada de partidas, silêncios, de cala, de pausas, de afastamento. Me ter é saber e compreender que é preciso se afastar as vezes para me ter verdadeiramente por perto.

Sou feito de silencio e solidão. O oco, o vazio,  o casulo me entende, me faz bem. É acalanto. Dentro de tantos sons de tantas vozes e gritos que me permeiam, às vezes preciso só de mim e mais ninguém. 

Trancado em meu quarto, na segurança do meu PC e meus textos. Do meu fone, do meu cão que sabe calar. Sem olhar, sem dedo apontando, sem fofura ou empatia.  Às vezes preciso do esquecimento, do deixar-me ir, para ir sendo ate que enfim possa voltar e me ser tendo.

São nesses momentos de dança sob a lua no asfalto, de conclusões de manhãs frias e desapego, que me tenho e que sou. Sou quem sou para sempre continuar sendo eu e não Outro. Entende?


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Will Augusto. Tecnologia do Blogger.

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