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Dizem que ele foi morar tão longe, ali no lugar onde ninguém cabe. Não levou malas, meias nem canecas. Somente um par de botas para tri...

Ninguém Soube, Nada Coube, Tudo.

Dizem que ele foi morar tão longe, ali no lugar onde ninguém cabe.

Não levou malas, meias nem canecas. Somente um par de botas para trilhar o caminho das pedras, e um gorro de lã para esquentar suas ideias no rigoroso gelo do inverno.
Não se sabe ate hoje seu nome, profissão, idade, ou altura. Só se diz pelos cantos que sua sombra é corpórea e densa, quase maciça.

Nesse lugar onde ninguém cabe, ele instalou uma republica de um só. Sem estar só. Mesmo que ninguém conseguisse caber neste lugar, sempre havia pessoas indo e vindo, ficando a esmo mas logo voltando a ir. Só nunca, mesmo que sendo só ele. Ninguém cabia afinal.

Esse lugar onde foi morar, uma casa sem portas e com duas janelas redondas  com cortinas de seda branca, era grande, vasto. Com arvores, cantos de pássaros coloridos e um céu azulado, ainda que não fosse totalmente azul. As noites eram amenas e escuras, num tom de cinza escuro bem peculiar. Sem estrelas, só a Lua grande durante o dia e a lua minguada, a mesma; durante a noite torrencial.

Seus dias passavam de arrastão a pulos. Ninguém estranhava, afinal ninguém via, ali, ninguém cabia.

Ate que um dia, numa tarde de chuva, Outro surgiu por lá. Procurando um mesmo lugar, para nada mais caber. Este queria espaço para alguém, mas não queria nada além, nem de alguém ou de ninguém.

Descobriu-se que este lugar onde ninguém cabe, era o mesmo onde nada cabia também. Era o mesmo lugar separado por uma cortina d’água que ele; o que ninguém cabia; jamais havia notado. Afinal, aquele lugar era extenso.

 Juntos, sem nunca se falarem, mas sempre se enxergarem eles conviveram bem, ate a ultima manhã de domingo. Onde pela primeira vez em anos as semanas e as coisas mundanas voltaram a fazer parte de um cotidiano instalado. Quando Ele começou a encontrar lugar para o Outro que pela primeira vez percebeu que ali ainda cabia alguém.


Ali, as madrugadas ainda seguem sem nuvens. Ainda...




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