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Já passavam das dez horas e nada de Carla acordar. A noite fora uma viagem em todos os sentidos: vodca, tequila, Jack Deniel's, e alguma...

Reconstrução

Já passavam das dez horas e nada de Carla acordar. A noite fora uma viagem em todos os sentidos: vodca, tequila, Jack Deniel's, e algumas orgias de final de noite.

Quase um sábado a noite das antigas. O Marco estava presente, a Bia, o Tony, o José e o Jamil, só estava faltando o Pergas mesmo com aquele sotaque Frances fajuto pra completar a nostalgia de dez anos atrás.

Não que não tivéssemos vivido intensamente nos últimos dez invernos, mas algo se quebrara entre nós nesses 3656 dias que se passaram desde a ultima vez que havíamos nos divertido tanto.

Sempre considerei besteira essa historia de que ao crescermos tínhamos que adquirir responsabilidades, pensar no todo e nunca no Um só... Mas é fato, crescer é a pior parte da vida.

- Cara você não sabe a mina que peguei ontem no carro do Jamil! – dizia exasperado Tony com aquela expressão Dom Juan tão conhecida de Dean.

Com um suspiro e uma careta entre o divertimento e a surpresa, Dean perguntou com igual exasperação:

- Não me diga que foi a gostosa da...

-Carla! Isso aí meu camarada! – revelou todo orgulhoso de si Tony como se fosse um pavão em meio a uma orla de admiradores estupefatos – Eu Tony Ferreira peguei Carla Scobar!

Dean e Tony ainda estavam rindo quando alguém apareceu gritando ao lado deles

- Ahh... Mas não acredito você também Tony? – gritava Pergas enquanto se aproxima com um sorriso no rosto e aquele ar inconfundível de Frances fajuto.

- Ah eu também o que? – respondeu Tony que ainda não conseguia ficar com os dentes dentro da boca.

Não é todo dia que um garoto de 17 anos perdia a virgindade. Ainda mais com a garota mais cobiçada do colégio.

-Deixa eu ver na sua língua como posso explicar Tony... - disse Pergas desdenhando e carregando ainda mais o seu sotaque Frances de cursinho de revistinha – Ah...Você também descabelou o palhaço, afogou o ganso, inaugurou o navio, fez zarpar o submarino, enterrou o Maneco, descascou a banana, molhou o piru, derreteu o picolé...

Todos riram.

- ta ta..entendemos..sim eu também perdi ontem e você não imagina com quem!- desdenhou Tony depois de se recuperar da palhaçada

-Imagino não, porque eu sei! A Bia me contou há dez minutos... - deixou no ar Pergas.

Dean se segurou, mas era o único dos cinco que nunca conseguira agüentar aos suspenses propositais de Pergas.

- Ahn? A Bia? Não me diga que você e a Bia Lervis...?

-Mouá! – respondeu Pergas indisplicente, mas não pôde conter um sorriso satisfeito consigo mesmo.

Todos riram novamente. Todos estavam vitoriantes. Todos menos Dean.

De todos, ele era o único que já havia perdido a virgindade. Cedo, na verdade com 14 anos. Mas sua experiência não fora vitoriosa.

Atlético, inteligente, olhos verdes, boca carnuda, cabelos pretos encerrados num rabo de cavalo e uma argola na orelha esquerda, faziam de Dean o mais cobiçado do colégio Serafim de Abulquerque.

Mas por ironia, Dean perdera a virgindade justamente com a única garota que nunca lhe dera bola. Manuela Veríssimo.

Baixa, cabelos curtos e ruivos, magérrima, sem curvas, mas com um olhar penetrante que ao mesmo tempo em que poderiam causar medo, poderiam fascinar.

Dean nunca curtira garotas fáceis, mas também era exigente. Nunca, Dean Livergan e Manuela Veríssimo estariam na mesma sala se olhando, quanto menos na mesma cama transando.

Mas tudo mudou quando Dean fizera uma aposta: beijar o maior numero de garotas possíveis em um único dia.

Ao fim da noite na festa de quinze anos de Manuela (Dean e amigos só foram convidados, pois Fernanda irmã mais velha de Manuela era apaixonada por Dean e obrigara Manuela a convidá-lo) faltavam apenas duas garotas para desempatar a aposta. Tanto Dean quanto Jamil os maiores pegadores do ano, estavam com 26 garotas cada.

Dean totalmente eufórico e bêbado, num impulso resolveu pegar as duas irmãs de uma vez só, isso daria pontos extras.

Jamil já desmaiara no quintal da frente com duas tequilas numa mão, e um sutiã na outra.

Dean se aproximou de Fernanda e a beijou na frente de Manoela que simplesmente levantou as sobrancelhas e saiu do local. Dean a seguiu e disse que queria um beijo dela. Ela recusou categoricamente. Dean levou um choque nunca ninguém recusara nada a ele antes, ainda mais um beijo dele. Ele tentou beijá-la a força e ela o esbofeteou.

Dean sem razão nenhuma começou a chorar, talvez pelo choque, pela bebedeira ou simplesmente pelo sangue que jorrava de seu rosto, onde Manuela o atingira com a palma das mãos cheias de anéis riscados.

Mas o fato foi que Manoela se enterneceu e se aproximou de Dean para consolá-lo, pensando ilusoriamente que o magoara.

Ele por sua vez se deixou ficar nos braços de Manoela.

Enquanto ela o abraçava, ele sentiu-se quente, eufórico novamente.

Viu que estava tendo uma ereção.

Depois disso ate hoje Dean não se lembra como, mas no dia seguinte ele acordara no quarto de Manuela, sem nenhuma roupa ao lado dela também sem roupa, ainda de camisinha no penis cheio de esperma, e com os seios de Manuela nas mãos...

À época fora a maior fofoca: a esquisita da Manoela e o todo poderoso e são paulino de carteirinha, Dean estavam juntos.

Mas depois daquela noite, Dean e Manoela nunca mais se viram. Ela ficara tão abalada que pedira a mãe para ir passar as feias de meio de ano no sitio do tio. E nunca mais voltou para o reinicio das aulas.

Não que Dean quisesse conversar sobre o que houve, mas o fato dela querer ir embora, e pior não voltar mais, o deixou com uma insegurança tremenda. Será que eu não mandei bem? Será que ela me achou ruim de cama?

Dean ficara arrasado por dias, mas aproveitou bastante o fato publico de que não era mais virgem, era um feito que nenhum de seus amigos jamais conseguira, e Pergas era ate um ano mais velho que ele, e sempre foi o maior pegador da escola.

Mas foi só aparecer Juliette que tudo mudara. Ela o levou na conversa (e nos seios tamanho 48) e depois Dean já era um homem completo!

Um flash, um grito de "Me ajudem!" E Dean corria pra ajudar Pergas a sair de trás do volante.

Ate agora ele não sabia como ou da onde o caminhão aparecera.

Ou como ele sangrava cada vez mais ao se arrastar na direção de Pergas, ou como e o porquê Carla estava no meio da estrada molhada e inconsciente com um corte na cabeça, ou o porquê Bia estava na sarjeta chorando histeria e segurando a barriga contendo seu afilhado de cinco meses, ou o porquê do idiota do Pergas não sair do meio do fogo e de trás do volante do carro todo amassado e parar de uma vez de pedir socorro.

Explosão, escuro, clarão, enfermeiras, Carla lhe dizendo pra ser forte, um vazio no peito e a sensação de que a carne fora arrancada dos ossos num dia intenso de sol...


 

-Dean! Ta doidão ainda amor? Dean? – Carla o chamava do lado direito da cama.

Ela ainda estava nua, sobre ele, com as pernas abertas acariciando seus cabelos e o olhando nos olhos com os seus tão perfeitamente negros.

- Amor você esta bem? Ta passando mal?- perguntou Carla começando a se preocupar com o silencio de Dean

-Não querida, só estava pensando... Pensando naquela noite. Naquela maldita noite... - e seus olhos começaram a lacrimejar. Ele jurara nunca mais chorar pela morte de Pergas, ainda tinha raiva do melhor amigo.

Dean nunca o perdoaria por te-lo abandonado.

Carla o olhou com paixão. E o beijou na boca, languida e demoradamente... Apaixonadamente.

Enquanto a beijava, Dean não podia deixar de pensar.

Aqueles tempos incríveis se foram, os dias incríveis, os momentos incríveis, as pessoas incríveis... Incríveis que jamais voltaram...

Há aqueles incríveis novos, que serão incríveis eternos, pensou ele ao retribuir o beijo de Carla, a quem amava mais que a própria vida; mas fato era que Pergas jamais voltaria seus 14 anos jamais voltariam a passar... Se foram Manuelas, se foram 26 bocas num dia, se foram gargalhadas e primeira vez na porta de um colégio, se foram tempos....que ele gostaria de poder resgatar...mas sabia que não era possível..

Ainda com os lábios colados nos de Carla, Dean sentia seus olhos queimarem, as lagrimas se confundiam com o seu suor causado pelos movimentos de Carla, que gemia baixo.

Mas Dean sabia, que naquele dia mais do que em qualquer outro ele precisava de uma total reconstrução, em sua vida. Mesmo que seus alicerces tenham desmoronado pra sempre.


 

Continua...


 


 



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