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Ele tampava os ouvidos, como se assim os zumbidos do mundo, de seu mundo, silenciassem. A visão estava turva, tudo pesava, tudo martelav...


Ele tampava os ouvidos, como se assim os zumbidos do mundo, de seu mundo, silenciassem.
A visão estava turva, tudo pesava, tudo martelava feito ferro em carne dura. Sua cabeça era a carne mal passada.
Confusão metal...
Ele nunca entendera de fato o limite entre a razão e a psicose, entre a loucura e uma carga enorme demais para se carregar. Quem não perde um pouco da razão a cada problema em frente, no dia a dia?
Ele deitava e tentava se controlar. Com a respiração falha. Mãos na face, tentando engolir a vontade de gritar. Porque sabia em seu intimo que nada isso iria adiantar, a não ser ele se sentir mais fraco do que já estava e adquirir uma dor de garganta ao qual ele não poderia tratar.
Escorregou as mãos pelo pescoço e ali sentiu uma veia pulsando.
Continuava zonzo. Continuava com uma dor de cabeça mais forte que os analgésicos de sua caixa de primeiros socorros continha. Seus punhos se fechavam e suas unhas- garras- grandes arranhavam a palma contraída. Ele não podia evitar.
Ele só queria fechar os olhos e parar de pensar. Parar de sentir aquela maldita e insistente dor de cabeça. Ele dormiu.
(...)
Permaneceu sentado ali escrevendo freneticamente, cada silaba cada expressão vinha a ele com erros, com rabiscos indecifráveis. Não importava. O que valia era transpor a carne e o papel, a tinta e a cabeça e colocar sobre o papel úmido tudo aquilo que se criava em seu intimo. Todos os demônios estavam à solta.
Ele era o próprio inverno e estava disposto a começar seu apocalipse particular abrindo as portas desse inferno. Mesmo que cada demônio ali estampado significasse um anjo a mais que ele precisaria buscar num paraíso ou um céu que ele já não enxergava mais.
Nas calçadas repletas de poças de água suja e gomas de mascar antigas e coloridas, ele se esgueirava feito gato de rua a procura de um lixo comestível ou um camundongo curioso qualquer para caçar.
Ali por entre as sombras das arvores ele observava com meio interesse as pessoas, os sons, as cores, as texturas, as formas e dialetos que passavam velozes a todo instante sem parar por sobre e por entre ele. Sem de fato enxerga-lo. Não que ele fosse invisível. Mas nos nunca enxergamos nada alem do nosso próprio reflexo no espelho afinal. Alias, nem isso. O que vemos são apenas reflexos, reflexos de luz e sombras que estampam em nossas retinas uma imagem, atribuímos valores a ela, de beleza, porte, significância e peso e só. Ninguém nos enxerga de fato, só olham, formam um conceito e partem para o próximo reflexo.
Pergunto-me se conseguíssemos nos livrar da limitação de só enxergar reflexos, o que de fato veríamos? O que de fato seriamos? Que formas teríamos? Qual seria a cor de nossa face? Reconheceríamos?
Ele continuava a olhar as pessoas, em sua busca por entender o ser humano, esquecendo às vezes, mesmo que por segundos que ele também era um, e não como desejava tanto ser: apenas um garoto querendo saber do porque sobreviver.


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Will Augusto. Tecnologia do Blogger.

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Aquilo Tudo que posta no Facebook e mais tantos mistérios que nem mesmo o espelho ou o mundo dos sonhos foi capaz - ainda - de descobrir.