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'Entre todas as curvas de suas palavras eu me desarmei. Levantei as mãos e decidi não mais lutar.' Olhei entre as poeiras que o a...

Do Remetente ao Destinatário


'Entre todas as curvas de suas palavras eu me desarmei. Levantei as mãos e decidi não mais lutar.'

Olhei entre as poeiras que o ar trazia e formava, e vi tudo aquilo que um dia queria que permanece-se. E foi.

Foi-se. Deixei e não impedi. Foi porque foi. Por que ia. Porque vai.
E se foi é porque em algum momento veio, chegou, aconteceu, mesmo que não tenha sido.
Penso na data, em que sentarei num banco, e refletirei, lembrando com saudade ou riso frouxo de memoria, em tudo aquilo que já passou, em tudo aquilo que já fui, me tornando esse que sou e aquele que será.

Ontem em meio a madrugada, andando pelas ruas, com o fone de ouvido bem alto, me permiti parar em baixo de uma arvore, e se sentar próximo a um ponto de táxi, com aqueles bancos de madeira próximo a uma esquina.
Ali recordei de amigos, de lagrimas, da minha antiga escola, a época do ensino fundamental.

Os professores que deixaram suas marcas ao serem mestres, aqueles em que nunca houve conexão e que se repetiriam em outras tantas vozes e rostos também. No dia de revolta da sala e a punição, o choro de lamento, algumas partes eclipsadas mas não apagadas de humilhações permitidas, de vontades reprimidas, de mentiras e historias inventadas, de sensação de pertencer aonde nunca coube.

Das manhãs acordando cedo para ir a educação física e o medo que tinha da bola e dos machucados produzidos por ela, a falta de coordenação para pular corda ou ficar suspenso em apenas um pé no aquecimento. Os dias de atraso pulando o muro, as noites de musica sob as paredes e sonhos de ilusão na biblioteca de mesas redondas, os primeiros amores e frustrações.

As varias faces de melhores amigos nomeados aqui sem problemas já que a vida se encarregou de leva-los: Jessiquinha, Jamil, Paulo Henrique, Tiago,Rodrigo,Luís...

Tantos planos, tantos segredos, tantas metas e sonhos.
Os primeiros dias de aula, como imaginava ter crescido tanto, com a pose e a perna apoiada na parede, mascando chiclete me sentindo o dono do mundo por mais um ano avançado, as excursões, as piadas de ônibus, as idas escondido a sala dos professores para mostrar textos e contos aos professores de português colecionando elogios que eu tornava secretos.
As casas abandonadas, os problemas compartilhados e ouvidos, as encrencas e castigos... Tantas conversas que o vento presenciou e a memoria mal reteve.

São tantos momentos, tantos sentimentos... Tantos que hoje são poucos.

A madrugada avançava, me levantei. E avancei...
Com o frio batendo já nas minhas costas e pernas arrepiadas, avancei também nas lembranças, para as das relações de tantos seres que já passaram pela minha estrada, e tantos deles, tantas ruas e caminhos que hoje nem sei mais o nome, ou já não mais lembro a cor dos olhos, ou o tom de voz.

São beijos perdidos, sabores retidos, símbolos e insignias, signos. Pedaços inteiros e pela metade de tons de olhos, tons de pele, alturas, corpos, vozes, pelos,mãos, dedos, temperatura, força do abraço, do cochicho no ouvido, de malabarismos de línguas e saliva.

São tantos sonhos e pensamentos no dia a dia, trocas de horário para trazer vontades ao dia a dia, procuras e idas.
Retenho ainda na mente e na pele cada nome, numero de telefone e dígitos que dediquei meu corpo e coração.

E quantos mais virão?
Quantos ainda até o permanente, ate aquele que mesclará todos em um só, onde identificarei cada ano, cada inverno de conchinha e cobertores e café quente, cada noite de cigarros tossidos, e insonias compartilhadas, onde identificarei cada mania, cada frase e bordão, cada um dos passados nesse presente.

Quanto mais futuro me cabe e me tem a frente até eu vive-lo?

Nessa estação de vai e vem, de carros, motos, bicicletas, patins, e ruas de chuva e calor de regatas, não espero ou procuro mais por nada. Pois hoje, idade ou maturidade seja qual explicação em palavras cada sentido queira dar, me mostraram que é possível ouvir ecos em cada linha de calçada e cada buraco de asfalto que deixamos pelos caminhos dos nossos pés. E em cada canto dessa cidade e em outras, há uma lembrança, ha uma memoria, um eco do que foi e se repete sempre dentro de mim. Hoje aprendi a escuta-los e não teme-los como sons agourentos mas sim como canções de fazer fechar os olhos e recordar, voltar a sentir e chorar ou rir e ter saudades. Sinfonias.

Sem lanças nas mãos, mas com um escudo mais apertado. To no mundo, girando com ele e querendo se-lo a cada curva que me for apresentada.

Sejam as curvas que forem; ainda que agora, ao chegar em casa, eu queira as SUAS curvas, as curvas de suas mãos na minha cabeça e na minha cintura e as curvas de toda a sua identidade repleta de ancestrais nas minhas curvas de vontades de Você.

Remetente: "Este o que divago"
Destinatário:  "Àquele que criar significado entre meus enigmas; - Você (?)"


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Aquilo Tudo que posta no Facebook e mais tantos mistérios que nem mesmo o espelho ou o mundo dos sonhos foi capaz - ainda - de descobrir.